A realização de intervenções urbanas aumentou consideravelmente no Brasil a partir do final da década de 1990, principalmente em decorrência do surgimento de coletivos artísticos que se formaram em diversas cidades do país. Este artigo propõe apresentar conceitos relacionados aos campos do design gráfico e da arte urbana, pesquisar suas potenciais aproximações, bem como analisar uma série de intervenções gráficas realizadas por coletivos, em São Paulo e Buenos Aires, com o específico cunho de protesto; as peças tratadas nesta pesquisa são cartazes lambe-lambe, adesivos (stickers), memes digitais, obras em crochê e projeções, aplicadas em suportes diversos. A pesquisa tem como principal objetivo o de buscar parâmetros para identificar possíveis categorizações dentro do escopo maior da linguagem gráfica e tipos de solução encontrados pelos interventores ativistas, atuantes no ambiente urbano, físico e digital.
Esta investigação apresenta a discussão sobre a combinação de técnicas artesanais e tecnologias digitais – considerada como um processo híbrido – que surge como uma tendência na área do design gráfico brasileiro. A partir de recursos teóricos sobre técnicas, tecnologias, conceitos, fundamentos do design e metodologias projetuais aplicada no estudo de caso, observa-se que muitos designers recorrem ao uso de técnicas artesanais como recurso de criação diferenciado, que possibilita atingir maior qualidade conceitual nos projetos.
A fundamentação teórica desta pesquisa parte de algumas definições acerca do termo design e, mais precisamente, design gráfico a partir de Cardoso (2008) e Villas-Boas (2003). Na sequência, para definir os conceitos relacionados à produção de imagem, considera-se as articulações de Santaella (2001), assim como a discussão sobre o hibridismo aplicado ao campo da arte e do design, de acordo com as considerações de Couchot (2005), Moura (2005) e Paula (2012). Para compreender como ocorre o hibridismo ao longo do processo de criação, é apresentado uma investigação sobre métodos de projeto, a partir da metodologia projetual fundamentada por Munari (1998). Esta pesquisa apresenta também exemplos de processos híbridos, que envolvem técnicas artesanais mescladas às digitais de projetos do design gráfico brasileiro contemporâneo. Para um estudo mais detalhado sobre este tema, apresenta um estudo de caso de design brasileiro. Com isso, esta pesquisa se propõe a analisar e descrever a metodologia utilizada no projeto Paper Town, do designer gráfico Rafa Miqueleto, que apresenta o hibridismo da técnica artesanal de modelagem em papel com a tecnologia digital, relacionando-o aos fundamentos do design propostos por Lupton e Phillips (2008).
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