RESUMO Este artigo se insere nas discussões sobre a inclusão social nas universidades públicas, especificamente sobre a permanência universitária. Com as contribuições da teoria sociológica de Pierre Bourdieu, analisamos as percepções de estudantes sobre as suas experiências relacionadas à permanência universitária, aprofundando os mecanismos simbólicos presentes nos percursos estudantis em uma universidade pública federal. A metodologia empregada para a pesquisa utilizou questionários e entrevistas semiestruturadas com estudantes universitários, matriculados em diferentes períodos e cursos na graduação. Os resultados da investigação indicam que há o reconhecimento da relevância de auxílio financeiro para possibilitar a frequência no curso, porém os estudantes levantam desafios que são simbólicos e que interferem na permanência universitária. A dimensão simbólica está presente na responsabilização do aluno pelo seu desempenho, relacionado às dificuldades acadêmicas com o conteúdo cultural exigido e às práticas dos professores que pouco auxiliam os estudantes com maiores defasagens de capital cultural academicamente rentável. Consideramos que os dados oriundos das entrevistas, bem como as sugestões indicadas pelos estudantes para melhorar a permanência, revelam disputas presentes no campo universitário. Portanto, a presença de novos agentes possibilita alterações nas disputas do campo, o qual apresenta limites simbólicos para efetivar a proposta de inclusão social em uma instituição que tende à consagração das relações de força na sociedade.
O artigo tem como objetivo apresentar a contribuição da teoria bourdieusiana ao estudo da temática do produtivismo acadêmico, a partir de uma pesquisa sobre os professores-pesquisadores dos programas de pós-graduação em sociologia e ciências sociais das universidades estaduais paulistas. Para isso, traz um levantamento bibliográfico caracterizando as principais reflexões sobre o tema, e apresenta a proposta metodológica da praxeologia de Pierre Bourdieu, enfocando os conceitos de habitus, campo e capital. Baseando-se nos estudos do autor sobre a prática científica, apresenta informações sobre a formação acadêmica dos agentes e elenca os indicadores de capital atuantes no espaço social, destacando as contribuições que a Análise de Correspondências Múltiplas (ACM) pode oferecer à pesquisa. Conclui que a teoria bourdieusiana pode enriquecer muito os estudos sobre o produtivismo acadêmico, ao permitir a compreensão da heterogeneidade de estratégias adotadas em relação às pressões e constrangimentos por uma prática produtivista, que afetam de forma distinta os professores-pesquisadores.
Este artigo visa analisar a permanência universitária com foco em estratégias e procedimentos selecionados pelos estudantes oriundos de escola pública para se manterem na universidade. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com estudantes universitários oriundos de escola pública. O principal referencial teórico é Pierre Bourdieu. Os resultados indicam que os estudantes valorizam o respaldo institucional financeiro, porém assumem estratégias individuais para a solução de dificuldades pedagógicas e culturais. Conclui-se que as políticas de permanência universitária têm favorecido os estudantes economicamente, mas pouco têm contribuído para que superem as suas dificuldades culturais e pedagógicas.
This article is part of the discussions about social inclusion in public universities, specifically about university permanence. With the contributions of Pierre Bourdieu’s sociological theory, we analyze the perceptions of students about their experiences related to university permanence, delving into the symbolic mechanisms present in student journeys at a federal public university. The methodology employed for the research used questionnaires and semi-structured interviews with undergraduate students enrolled in different periods and courses. The research results indicate that there is recognition of the relevance of financial aid to enable attendance, but students raise symbolic challenges that interfere with staying in the university. The symbolic dimension is present in the students’ accountability for their performance, related to the academic difficulties with the required cultural content and the teachers’ practices that little help students with greater gaps in academically profitable cultural capital. We consider that the data from the interviews, as well as the suggestions indicated by the students to improve permanence, reveal arguments present in the university field. Therefore, the presence of new agents enables changes in the disputes of the field, which presents symbolic limits conducting the proposal of social inclusion in an institution that tends to consecrate the relations of force in society.
O presente artigo propõe contribuições para a importância de considerar a relação da trajetória escolar com a prática docente, baseada na perspectiva teórica da Relação com o Saber. Consideramos que os estudos de trajetórias nos permitem considerar os elementos sociais que compõem os sujeitos e que influenciam no seu desempenho na escola. O nosso objetivo geral, portanto, é compreender os estudos sobre a trajetória escolar e as suas contribuições para a prática docente. Para isso, realizamos um estudo da arte com as pesquisas na área “trajetória escolar”, a fim de caracterizar e identificar as suas contribuições para a prática docente. A pesquisa foi desenvolvida a partir dos resumos de artigos publicados em periódicos científicos, os quais foram quantificados e identificados para realizar o mapeamento da área de estudo. Como resultados, verificamos que poucos estudos dessa área temática fazem uma relação direta com as práticas pedagógicas. Os artigos que nos ajudaram a ter essa compreensão se referem aos desdobramentos de uma relação de mão-dupla: a trajetória produz efeitos na escola ao mesmo tempo que essa instituição impacta os percursos dos estudantes. Consideramos que os estudos de trajetórias escolares indicam como o contexto social influencia o processo de aprendizagem, pois os alunos são sujeitos que estão tendo relações com o saber o tempo todo, com as outras pessoas ao seu redor e com o mundo. Assim, o professor deve sempre lembrar que seus alunos são sujeitos que têm histórias e que a abordagem de ensino terá maior significado se considerar os percursos que os discentes estão trilhando.
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