O imaginário criado pela arte orientalista do século XIX ainda está presente nos anúncios turísticos hoje, como forma de despertar o desejo de conhecer o Oriente. No Oitocentos, o Norte da África, recorte geográfico enfocado neste estudo, passou a receber artistas e turistas, que, imersos em um contexto de violência e deslumbrados pelo exótico, ajudaram a moldar esse imaginário de um Oriente pitoresco e místico. A fim de compreender as (des) continuidades do imaginário orientalista da pintura oitocentista, tomamos como referencial teórico os conceitos de imaginário e Orientalismo dentro do contexto da invasão francesa e da colonização do Magrebe. A partir de uma análise comparativa formal de imagens utilizadas em anúncios turísticos, identificamos traços de grande poder visual e simbólico concernentes à arte orientalista do século XIX. Sendo assim, resultados apontam para uma permanência de certos elementos desta arte na publicidade turística atual sobre a região, o que pode sustentar uma visão colonial sobre o território em questão.
Este artigo propõe-se a investigar os relatos de viagem do escritor chileno Pablo Neruda no início do século XX, quando vivencia sua carreira diplomática no exterior. Nosso objetivo é analisar esses textos buscando identificar as (des) continuidades de um Oriente místico, exótico e pitoresco, fruto de um imaginário construído no século XIX, sobretudo pela arte e pela literatura. Para tanto, valemo-nos de conceitos como imaginário, definido como um acervo coletivo de sentidos que motiva a ação, bem como do entendimento de relato de viagem como um gênero subjetivo, impressionista e de natureza, muitas vezes, política. As análises apontam para uma percepção híbrida e não idealizada de Neruda em relação ao Oriente, composta por construções orientalistas de singular beleza assim como por uma visão negativa, possivelmente derivada de sua experiência como um cidadão de um país que também teve a história marcada pelo processo de colonização. Dessa maneira, os relatos nerudianos transgridem a lógica hegemônica não só por terem sido escritos por um viajante de origem não europeia, mas também por subverterem um imaginário colonial sobre o Oriente, construído em um contexto de dominação violenta.
O artigo traz a análise da obra de Pedro Antonio de Alarcón e Mariano Fortuny fruto das vivências in situ dos dois viajantes no Norte da África, durante a Guerra Hispano-marroquina (1859-60). A análise comparativa do corpus aponta para a existência de uma visão colonial que corroborou e legitimou as práticas imperialistas da Espanha no Marrocos, por meio da constituição de imaginários negativos e estereotipados, que até hoje perduram, sobre o território e seus habitantes, vistos muitas vezes como não civilizados e infiéis.
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