Discutimos a ideia de produção de si através de conteúdos presentes em perfis do Grindr-aplicativo móvel e geolocalizado de busca de parceiros entre homens, comumente utilizado no contexto brasileiro. O Grindr foi a primeira ferramenta a conjugar a busca por sexo via internet ao mecanismo de geolocalização, acarretando mudanças significativas na vivência da sexualidade e do espaço público para homens que fazem sexo com homens. Realizamos uma cartografia no aplicativo, tendo como foco inicial as descrições de perfis encontrados em diferentes regiões da cidade de Porto Alegre, Brasil. Percebemos a recorrência de ideais de masculinidade, desvalorização de atributos entendidos como femininos, referências à lógica do aplicativo e negociação do sigilo na formulação dos perfis. Discutimos o Grindr como espaço de reorganizações discursivas, que se inserem no interior do aplicativo através dos modos como sujeitos produzem sentidos sobre "quem são" e "o que buscam" na ferramenta.
O presente artigo analisa a inserção das ofensivas antigênero como políticas de Estado. Iniciando-se em propagação difusa por distintos atores, elas agora se coadunam com as ações prioritárias do Poder Executivo, sobretudo no que se refere ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Para avaliar tal modificação, iniciamos com um mapeamento das relações entre o Ministério e as políticas antigênero durante os quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro. Em seguida, analisamos um caso específico concernente às modificações realizadas na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, órgão que hoje se destina também ao cerceamento de agentes públicos quanto aos temas de gênero e sexualidade, a partir da utilização de termos como "ideologia de gênero" e "violência institucional". Por fim, discutimos o argumento da estatização das ofensivas antigênero no Brasil, considerando que já vivemos sob um Estado antigênero, em cujas prioridades figuram a supressão, o rechaço e a assimilação das temáticas da diversidade sexual e de gênero.
Resumo: O presente artigo discute o modo que os ativismos trans têm criticado a interpretação de atores e atrizes cis que representam papéis sobre transexualidade em produções cênicas. A essas atuações são dadas o título de transfake, em uma tentativa de reescrever os efeitos do blackface na população trans. Diante disso, buscou-se questionar o modo que a expressão fake estaria, em oposição, mantendo um regime de verdade em relação ao gênero, prática comum na história da nosologia psiquiátrica, mas que pode ser encontrada em determinadas condutas ativistas atuais. Nesse sentido, as disputas pela representação têm aparecido como um meio de impedir a relativização da transexualidade, pois, embora objetivem promover o reconhecimento político das pessoas trans, também presumem determinada correspondência entre aquilo que se é e aquilo se faz. Considera-se, portanto, que existem riscos envolvidos na defesa de uma estabilidade identitária, por meio da censura e técnicas proibitivas, além dos riscos de promover um engessamento das possibilidades de representar a vida.
Partindo de uma recente polêmica envolvendo a expulsão de uma participante trans e cigana do MasterChef espanhol, após ela servir aos jurados uma ave crua e com penas, este artigo examina algumas relações entre gênero, sexualidade, raça, afetos e políticas de inclusão. Para tanto, apresenta um intercruzamento entre o fato midiático, suas repercussões públicas e as propostas teóricas tributárias dos estudos queer, sobretudo através das contribuições e dissonâncias entre Sara Ahmed, José Esteban Muñoz, Leo Bersani, Jack Halberstam, Lee Edelman e Judith Butler. Concluímos que, mesmo entre os estudos queer, há uma importante disputa sobre os sentidos políticos das ideias de subversão, transgressão e assimilação, e que a impossibilidade de chegar a um acordo entre eles reflete o caráter aporético do próprio conceito de política que serve de base ao campo.
Resumo: O artigo analisa como o documentário Meu corpo é político performa um modo específico de ativismo e de ação política. Investiga-se o enquadramento do filme a respeito da política, do corpo e da separação entre os planos público e privado, considerando que a abordagem contrapõe o enquadre usual da transexualidade, mas que opera sobre essa categoria a partir de um critério de veridicção pautado pelo ativismo. Palavras-chave: corpo; política; ativismo; transexualidade; documentário. Resumen: Este artículo analiza cómo el documental Meu corpo é político lleva a cabo un modo específico de activismo y de acción política. Se investiga el marco de la película en lo que respecta a la política, al cuerpo y a la separación entre los ámbitos público y privado, considerando que el abordaje contrapone el enfoque usual de la transexualidad, pero actúa sobre esta categoría con un criterio de "veridicción" pautado por el activismo. Palabras clave: cuerpo; política; activismo; transexualidad; documental.
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