Este artigo pretende discutir a conjugalidade em interface com aspectos contemporâneos como a valorização do individualismo e a cultura narcísica e hedonista, em que a exaltação da felicidade é extremamente valorizada e há um apelo ao não sofrimento. Atualmente tal concepção é enfatizada com a crença de que uma relação conjugal deve ser mantida apenas se propiciar prazer e bem-estar. Por outro lado, encontram-se casais que permanecem juntos, mesmo quando esse ideal não se realiza, e que vivem relações marcadas pelo conflito, sofrimento e muitas vezes violência conjugal. Esse pode ser um dos pontos de desdobramento para responder aos ideais da atualidade. Através da apresentação de um fragmento de caso clínico de um atendimento individual de orientação psicanalítica, mas que tem a conjugalidade como questão central, discutem-se os impasses vivenciados por um casal e sua inter-relação com os ideais contemporâneos e a dinâmica conjugal. Conclui-se que os casais sofrem influência desses ideais, mas que os elementos da psicodinâmica do casal devem ser concomitantemente analisados para melhor entendimento do universo conjugal. Acredita-se que a psicanálise seja um instrumento importante nesse sentido por considerar aspectos inconscientes na trama conjugal e a singularidade de cada história construída pelo casal.
Este artigo teve como objetivo principal discutir a forma vincular constituída e constituinte de um processo vigente em muitas instituições de acolhimento a crianças no Brasil, o apadrinhamento afetivo, que pode ser descrito como uma forma de proporcionar às crianças vínculos alternativos dotados de significado através da sua relação com as pessoas que as visitam nas instituições de acolhimento. Entretanto, percebe-se que o apadrinhamento tem sido usado como um dispositivo para preencher lacunas existenciais, tanto pela via da criança como do padrinho. Depois de um breve percurso pela situação da infância institucionalizada, foram analisadas quatro entrevistas com madrinhas e o caso clínico de uma criança apadrinhada. O método psicanalítico foi utilizado como instrumento de pesquisa, e, a partir de analisadores elencados, importantes reflexões foram construídas em relação ao processo de apadrinhamento: exaltação da solidariedade, correlacionada a sentimentos como a bondade e o amor ao próximo, narcisismo exacerbado como tentativa de recuperar a onipotência perdida nos primórdios da existência, a sedução que perpassa a relação padrinhocriança institucionalizada, a ambivalência de sentimentos despertados nessa relação e as semelhanças do processo de apadrinhamento com o processo de adoção, no que diz respeito à busca do filho ideal, que se estende à procura do padrinho ideal e do afilhado ideal.
Este artigo visa estender a noção de estrutura do sujeito – entendida como efeito de um encontro contingencial, marcado pela ruptura e fadado à repetição – para o campo dos autismos. Apresenta-se uma investigação do processo que leva à constituição do falante, associada à hipótese de que o autismo evidencia fortes indícios de um processo de subjetivação particular. Tal proposição incide sob a direção do tratamento, como um modo de abordar os sujeitos autistas com uma presença de demanda calculada
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