O contato interétnico gera uma série de impactos e transformações. O processo de territorialização dos Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul modificou de maneira drástica a vida de diversas comunidades, às quais conviveram com a atuação do órgão indigenista baseada na tutela. A reserva de pequenas e descontínuas porções de terra modifica e transforma a realidade dos povos indígenas, pois toda ação indigenista se constituí como uma ação colonial que se guia por interesses de soberania e propriedade sobre um espaço determinado, promovendo ações de controle para alcançar seus objetivos. Este texto, fruto de pesquisa de campo na Aldeia Pirakuá em Bela Vista/MS, tem como objetivo a discussão dos conceitos de confinamento e de territorialização, como formas de compreender e demonstrar como ocorreu o empreendimento da ação indigenista sobre os Kaiowá e Guarani.
Este ensaio é dedicado ao debate sobre a liderança indígena Guarani, levando em conta questões de chefia, palavra e poder da antropologia de Pierre Clastres, quais elementos constituem a atuação da liderança Kaiowá e Guarani na atualidade, tendo como parâmetros para estabelecer esses elementos constitutivos da liderança Kaiowá e Guarani a fala de interlocutores indígenas sobre a atuação de Marçal de Souza Tupã’i, liderança muito conhecida entre os povos indígenas do Brasil pelas alianças e articulações que conseguiu estabelecer antes de seu assassinato em 1983.
Marçal de Souza Tupa’i nasceu em 1920 no município de Ponta Porã/MS, em um contexto histórico onde seu povo sofria por um recente contato com a sociedade nacional, sendo vítima, junto com os demais Guarani e Kaiowa de Mato Grosso do Sul de um regime tutelar do Estado brasileiro, que tinha como intuito “desindianizar” esses povos, através de práticas de confinamento em pequenas áreas, desrespeitando o modo de vida dessas populações. O presente trabalho revisita dados de campo coletados em meados dos anos de 2010 e tem como objetivo apresentar uma breve trajetória da vida de Marçal de Souza, liderança da etnia Guarani assassinada em 1983, cujo o nome ainda reverbera em meio aos movimentos indígenas de Mato Grosso do Sul.
Este artigo objetiva relatar as experiências vivenciadas e os estudos realizados na primeira etapa do projeto de extensão Infância, Interculturalidade e Etnomatemática na Educação Infantil: o atendimento à criança indígena, promovido pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus de Naviraí, no ano de 2018. Elegeram-se como referenciais teóricos: documentos e produções científicas sobre os temas da Interculturalidade na educação e elementos da história e da cultura das etnias Kaiowá e Guarani que vivem em Mato Grosso do Sul (MS). A produção de dados parte de informações obtidas via respostas de um questionário, com questões abertas e fechadas, desenvolvido junto a um grupo de professoras da rede municipal de educação local, as quais foram público-alvo da ação extensionista. As informações coligidas inicialmente por este instrumento permitiram fazer inferências tanto quantitativas quanto qualitativas. No contexto dos encontros do curso, foi possível evidenciar dados para a compreensão, especificamente, sobre processos comportamentais e relacionais entre professoras e as crianças indígenas matriculadas na Educação Infantil. As informações obtidas e apresentadas neste artigo detalham impressões de um ambiente intercultural, exercício reflexivo à questão do atendimento de crianças indígenas no contexto educacional urbano. Diante dos dados e resultados da experiência em pauta, concluímos em defesa da necessidade de investimentos em estudos aprofundados na questão e levantamos a importância de considerar a cultura híbrida como um caminho para não aculturação da infância indígena.
O movimento é constante na política Kaiowa e a ausência de uma instituição política de grande alcance permite muita autonomia e dinamicidade para que cada parentela tenha muita liberdade para tomar decisões, seguindo assim por um caminho de composição e decomposição constantes do social através da política. Para que a chefia ou o casal de líderes mantenha um grupo no entorno de si, é preciso muita habilidade. Inicialmente é enfrentado o desafio de criar o grupo e em seguida é preciso que ele seja mantido no tempo. O objetivo principal deste trabalho é discutir as relações existentes entre o social, o político e o parentesco. Desse modo, fez-se necessário traçar um percurso etnográfico (e de trabalho de campo) durante a escrita para se chegar à compreensão da tese de que a chefia ameríndia entre os Kaiowa não é a pessoa de poder e, sim, de prestígio.
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