Nas últimas décadas a arqueologia brasileira tem experimentado uma mudança radical, produto de uma legislação inteiramente nova de proteção do patrimônio cultural. Assim, todo empreendimento, privado ou público, potencialmente modifcador do meio, obrigatoriamente requer a realização de uma série de estudos de impacto ambiental, dentre os quais se encontram os arqueológicos. Como consequência dessas normas, surge um novo tipo de prática arqueológica - assim como um novo tipo de arqueólogo -, já não orientada pela academia, mas pelo mercado, a chamada Arqueologia de Contrato. Nossa reflexão será estruturada a partir de uma comparação entre as transformações produzidas pela arqueologia de contrato e um dos Comics de “Asterix o Galo”, chamado “Obelix e Cia”. Esperamos que este exercício, em parte reflexão acadêmica, mas ao mesmo tempo manifesto político, nos auxilie a meditar sobre o tipo de arqueologia que, como profssionais, gostaríamos que fosse produzida no país.
Resumo: antes de ser apenas um espaço neutro e cartesiano, destinado apenas
ao olhar distanciado, paisagem é uma apropriação subjetiva que envolve práticas,
memórias e narrativas, pois não existe experiência que não seja sensorial,
assim como não existe experiência que não seja mediada pela memória e
que não esteja situada em um lugar.
Palavras-chave: Paisagem. Memória. Sentidos.
Talvez a maior violência epistêmica perpetrada pelo Ocidente contra o Egito não tenha sido a apropriação de suas materialidades, mas a construção da ideia de um Egito exclusivamente faraônico. Como consequência deste processo de idealização, a paisagem egípcia passou a ser modelada por arqueólogos, egiptólogos e pelo governo egípcio para representar apenas o passado faraônico. A expulsão dos moradores da vila de Qurna foi o desfecho trágico deste processo. Mais de dez anos depois do processo de expropriação da comunidade qurnawi muito ainda precisa ser compreendido, principalmente como nossas abordagens científicas afetam as comunidades locais. Neste sentido proponho discutir o conceito de paisagem a partir das teorias locais, mostrando que antes de ser um elemento fixo, a paisagem é resultado de uma relação
O que é Paisagem? Como se define a relação entre homem e natureza? Quais os símbolos e significados por detrás da Paisagem? Seriam as abordagens exclusivamente centradas nas reconstruções paleoambientais as mais próximas da realidade? É a paisagem emocional de James Pryde e William Blake, a paisagem realista de Delacroix e Velázquez, a liberdade e energia de Van Gogh e Bomberg, as memórias e sonhos de Dali, Chagall e Carel Weight menos verdadeiras que as reconstruções paleoambientais propostas pela ciência arqueológica? Segundo o ensaísta suíço do século 19 Henry Frederic Amiel o que difere estas paisagens é apenas a mente. Eu diria que não apenas a mente, mas a percepção que os indivíduos têm de seu mundo.
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