Estetrabalho promove uma reflexão sobre o consumo contemporâneo e alguns dos seus postulados teóricos a partir do que chamamos aqui de uma Religião do Consumo. A ideia trabalhada no texto descreve um ethos religioso ancorado no "hedonismo moderno", postulado por Campbell (1987) e que dialoga, de forma bastante profícua, com a Teologia da Prosperidade - se constituindo como um espaço propício para se desejar, de forma lícita, aceitável e sem constrangimentos, uma vida repleta dos signos terrenos de sucesso, corporificados no consumo de produtos de alto valor comercial como resposta ao ideal de felicidade.
A comunicação cujo conteúdo é centrado nas qualidades e nos diferenciais da marca religiosa, exatamente como é recorrente nas ações da Igreja Universal do Reino de Deus, busca relacionar os benefícios do entretenimento a ela, possibilitando à igreja integrar sua imagem marcária ao discurso, não eximindo o público receptor de desfrutar do programa no qual está inserida a branded content — comunicação por conteúdo. O presente artigo aborda o fenômeno religioso em curso que sobrepuja a categoria de religião perdida para o religioso por todas as partes-, cenário contemporâneo no qual a religiosidade é manifesta intensamente na vida privada das pessoas, em formas afetivas e emocionais, sem referência à doutrina ou à instituição eclesiástica
Este trabalho parte da perspectiva de instauração de duas retóricas (da “superação” e do “desejo”) como alicerce estrutural do que chamamos aqui de Religião do Consumo. A primeira tem expressão no discurso de conquista da IURD, materializado principalmente na posse de bens materiais. Esta, por sua vez, é a representação máxima da felicidade, prova da ação de Deus sobre a vida do fiel. A segunda, concebida como “do desejo”, se constrói discursivamente em processos que visam a sua própria moralização: “a moralização do desejo”, praticamente transformando-o numa “obrigação moral”. Por fim, tais perspectivas ancoram a emergência de uma fé racional, cujos pilares se encontram numa teologia de resultados, conhecida como Teologia da Prosperidade.
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