A construção do corpo ideal no balé clássico IntroduçãoA construção do corpo ideal no balé clássico: uma investigação fenomenológica CDD. 20.ed. 792.8 793 ResumoO objetivo deste trabalho foi identifi car e compreender pela perspectiva das bailarinas participantes do estudo o ideal de corpo demandado pela prática do balé. Para tanto, optamos por uma orientação epistemológica apoiada na fenomenologia de Edmund Husserl e em autores afi nados com a fenomenologia proposta por esse fi lósofo. As entrevistas semiestruturadas em profundidade constituíram a técnica de pesquisa utilizada. O que há de comum nas falas das bailarinas é a referência a um corpo ideal centrado nas produções feitas pelas grandes companhias de balé. Nessas percepções, o corpo desejado e ideal para o balé clássico pode ser tanto inato à pessoa, quanto construído e transformado com muito esforço e dedicação pela bailarina.PALAVRAS-CHAVE: Vivência; Corpo; Fenômeno; Balé; Expressão corporal.O presente trabalho é resultado de indagações iniciadas pelas pesquisadoras, uma delas como professora de balé, bailarina e pesquisadora e as outras como pesquisadoras no campo da sociologia do corpo, da corporeidade e do corpo nas artes. Em cada uma das vivências das autoras, os sentidos atribuídos ao corpo comuns à prática artística pode trazer à tona um conjunto de ressignifi cações sobre os sentidos do corpo noutras vivências que não aquelas típicas da arte. O interesse pelo tema e a construção do problema de pesquisa surgiu, portanto, dessas experiências subjetivas e a sua materialização, além de responder questões próprias da pesquisa, apontam para refl exões existenciais.Para quem estuda e também para aqueles que vivem especialmente a prática do balé, seja como professores, coreógrafos ou bailarinos, é notória a preocupação com o biótipo magro e com a conquista da magreza, ainda que a custas de sacrifícios. A imposição do corpo magro transforma em conquista a perda de alguns gramas, especialmente se conseguida às vésperas das apresentações dos espetáculos ou das provas de passagem de nível de formação, de modo particular para bailarinos em vias de profi ssionalização.O balé clássico é uma arte secular, uma dança permeada de histórias idílicas e amores "românticos". Segundo Caminada 1 , trata-se de uma modalidade de dança com técnica específi ca que remonta séculos, mais especifi camente o século XVII, quando o balé tornou-se acadêmico havendo, então, sistematização do ensino, com regras corporais e uma nomenclatura própria (p.105). Dentre as características esperadas da bailarina destaca-se a verticalidade corporal mantida pela noção de eixo alinhado à coluna vertebral e por um corpo magro e leve, forçando uma determinada conduta estética. Como aponta Caminada 1 , o balé "surgiu e foi encenado com a fi nalidade não só de entreter a corte, mas para mostrar a essa mesma corte e aos países estrangeiros a força da realeza e o poder econômico da França"(p.105). Caminada 1 apontou que o balé tornou-se clássico quando o "ballet" de corte completou um século de ...
pelo apoio financeiro durante o mestrado, sem esse apoio não teria conseguido terminar essa dissertação.Aos meus pais, Clóvis Lázaro dos Anjos e Mailde Silva Souza dos Anjos, que ficam felizes com cada conquista minha, e à minha amada irmã, Isa Silva Souza dos Anjos, que acompanhou todo o meu processo, ouviu todas as minhas angústias e encantamentos, e sempre esteve pronta a me ajudar. À minha família que tanto amo, minha eterna gratidão.À minha querida orientadora, Profa. Dra. Régia Cristina Oliveira, que me conduziu com carinho nesse processo cansativo de pesquisa acadêmica, sempre disposta a me ouvir e delicada em cada mensagem que me escrevia. Muito obrigada por cada mensagem iniciada com "Kátia querida", receber um e-mail assim me deixava mais leve. Ao grupo ECOAR (Estudos em Corpo e Arte). Desde a graduação percebi que nosgrupos de estudos a aprendizagem se dava de maneira diferente, as trocas são sempre riquíssimas e participando do ECOAR descobri autores, outras práticas corporais, dancei, e o mais importante, fiz amigos (as). Agradeço à Profa Dra. Marília Velardi, coordenadora do grupo, pelo espaço criado, pelos ensinamentos, pelas conversas sobre a vida. À minha amiga de anos, Patrícia Mari Karuka. Aos meus amigos Wagner Luiz Pereira e Marcelo Saldanha Callejo. Ao meu grande amigo e professor Elizeu de Miranda Corrêa.As minhas amigas que tanto ouviram sobre essa dissertação, Leiliane Timoteo Rodarte, Soraya Timoteo Santos e Adriana Valeriano, obrigada pelos cafés da manhã, pelos encontros que alegraram o meu coração. Agradeço a Juliana Cristiane de Souza e Regiane Roman, amigas de graduação que participaram das primeiras investigações que resultaram nessa dissertação. Aos amigos (as) bailarinos (as). Às amizades feitas na pós-graduação que fizeram esse processo solitário do mestrado tornar-se menos angustiante, espero levá-las comigo ao longo da vida. "Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca.Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. A presente pesquisa teve como objetivo compreender a naturalização do corpo cênico demandado pelo balé clássico. Buscamos investigar como se constrói a naturalização do "corpo cênico", expressivo, no balé clássico, uma vez que o mesmo é pensado, pelos bailarinos pesquisados, como algo que é próprio do (a) bailarino (a); como um "dom". A partir de uma abordagem metodológica qualitativa, utilizamos como técnicas de investigação a observação de espetáculos de balé e entrevistas semiestruturadas com bailarinos (as) clássicos (as) brasileiros (as), que apresentaram anos de atuação e que possuíam a técnica incorporada. As trajetórias profissionais foram distintas. Alguns desses bailarinos dançaram, por exemplo, balés de repertório completos, outros dançaram variações dessa modalidade. Alguns deles escolheram a profissão de professor (a) de balé, outros, são profissionais em companhias de dança no país,...
Neste capítulo convidamos você a refletir conosco sobre novas epistemologias em Pesquisas Baseadas nas Artes a partir de nossos corpos de mulheres brasileiras, nossas práticas artísticas e acadêmicas. Nas próximas linhas nós contaremos sobre uma (re)ação de mulheres marcante para nós: a criação e apresentação de duas performances, Tra-Vestidas e Se eu fosse eu, e as consequências daqueles processos artísticos e acadêmicos em nossas práticas performáticas. Escolhemos por erguer este texto na mesma base na qual foram erigidas as performances, e na mesma base na qual realizamos nossas produções acadêmicas: as Investigações Baseadas nas Artes, entendidas como possibilidades radicais de realizar um tipo de pesquisa que ficou tradicionalmente conhecida como pesquisa qualitativa. No entanto, compreendemos que as Investigações que se baseiam nas Artes e nas pessoas e coletivos de artistas borram fronteiras entre a pesquisa social, as Artes e a vida comum. Atentas a essa compreensão, nós propomos nossa prática artística e esse texto acadêmico. A literatura sobre o tema afirma que há diversas possibilidades para o uso desse tipo de pesquisa e aquele sobre a qual nos propomos discorrer considera que modos de pensar, agir, criar, mover e performar das artistas podem se configurar como parte de estruturas de produ-
<p class="western" align="justify">Considered as one of the possibilities of performing arts, the classical ballet can be understood as a way in which stories depend on characters who, without the use of words, enact stories which are typical of the traditional repertoire. This text aims to discuss issues related to the body of the scene, the scenic body of the artist in classical ballet. In order to do so, we conducted a qualitative investigation and used the observation of ballet shows and ten semistructured interviews with Brazilian professional dancers as investigation techniques. The testimonies of the classical professional dancers were the material that allowed the analyzes of the speeches. Based on the analyzes, we highlight the following results: the existence of a prestigious imitation among the dancers who were interviewed; the existence of an “extracotidiano 1” body in classical ballet; the existence of explicit and implicit techniques in ballet. The study is based upon a theoretical perspective that takes not only the body of classical ballet and its techniques, but the human body itself and its techniques as sociocultural reality, produced in culture, according to rules and values defined by this reality and the social field that builds them.</p>
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