Resumo O objetivo deste trabalho é discutir as possíveis transformações das representações sociais sobre a loucura que circulam em um jornal impresso brasileiro, tomando como marco a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Foram analisadas 1.385 matérias publicadas em formato eletrônico no período de janeiro de 1978 a dezembro de 2015, que tinham como tema central a loucura. As matérias foram analisadas por meio do software IRAMUTEQ, a partir de três corpora, cada um dos quais foi analisado separadamente e gerou um dendrograma de Classificação Hierárquica Descendente. A análise dos resultados nos permitiu verificar os movimentos de mudança e resistência das representações sociais ao longo do tempo. Os diversos nomes atribuídos à figura do louco sofreram mudanças no período analisado, de forma que algumas categorias foram mais suavizadas do que outras. Destaca-se a dinâmica social que levou a uma mudança e a forma como essa mudança foi incorporada, reorganizada e ressignificada sem provocar ruptura. Do ponto de vista metodológico, os dados dessa pesquisa nos chamam a atenção para as escolhas de descritores realizadas no percurso do trabalho e as consequências dessas escolhas nos resultados obtidos.
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RESUMO:O presente trabalho tem como objetivo analisar, numa perspectiva psicossocial, como a imprensa aborda e constrói a noção do risco, sobre o Ebola. Propomos discutir como as formas de falar dessa epidemia podem estar atreladas às dimensões alteritárias. A amostra foi composta por cinco matérias encontradas no acervo eletrônico da revista semanal Veja, no período compreendido entre março de 2014 e fevereiro de 2015, tendo sido utilizado o descritor "ebola". Utilizamos como método a análise de conteúdo com foco no eixo semântico (sentidos) e sintático (forma). Os resultados apontam 4 eixos de construção de sentidos: a metáfora da companhia militar para demonstrar o combate do homem contra um vírus potencialmente destrutivo; a alteridade radical, colocando o outro africano como "estranho e "poluente"; o distanciamento, em que o vírus Ebola é colocado como problema inerentemente africana e por último a ideia da infra-humanização, colocando as qualidades do africano como sub-humanas.Palavras-chave: ebola; África; alteridade; risco; africano. ABSTRACT:This study aims to analyze, from a psychosocial perspective, how the press builds and deals with the concept of risk of the Ebola outbreak. We propose to discuss how the ways of speaking about this epidemic can be linked to the dimensions of alterity. The sample consisted of five articles found in the electronic collection of the weekly magazine Veja, in the period between March 2014 and February 2015, using the descriptor "Ebola". As method of data analysis it was used the content analysis, focusing the semantic axis (direction) and the syntactic axis (shape). The analysis reveals four categories: the metaphor of the military company to demonstrate man's struggle against a potentially destructive virus; radical alterity, placing the African as "strange" and "pollutant"; the place occupied by the Ebola, which is far away from the west and as a looming problem of Africa; and finally the idea of infra-humanization, putting the african qualities as subhuman.Keywords: ebola; Africa; alterity; risk; african. IntroduçãoÉ inegável o papel das mídias na construção do senso comum. No domínio médico-científico, por exemplo, o modo como a mídia constrói a noção de risco se dá por vezes através da dramatização ou do emprego de metáforas que assemelham um determinado fenômeno a outros males, incitando medo, pânico e pavor. As mídias podem ainda construir a percepção de um risco tido como distante enquanto próximo a determinadas pessoas e grupos sociais , o que pode gerar preconceito, estigma e discriminação com relação às pessoas acometidas por um determinado "mal". Assim, transforma a ameaça, como algo que pertence exclusivamente ao outro-distante, em mais próxima, palpável, real ou concreta. Segundo Joffe (2005), a leitura do risco é motivada não pela necessidade de ter 1 Financiamento: CAPES.
Este artigo objetivou analisar as articulações teóricas entre memória histórica e representações sociais. Tomando a perspectiva sociocultural da memória, três aspectos foram problematizados: quais temáticas em memória histórica poderiam ser objetos de representações sociais; o papel da memória histórica nos processos de ancoragem e objetivação; e a relação entre disputas memoriais e representações sociais. A partir da abordagem sociogenética das representações sociais, apontou-se que temáticas em memória histórica que tangem às zonas de tensão podem ser articuladoras entre os campos memoriais e representacionais. Utilizando o Devoir de Memoíre na França, os processos de ancoragem e objetivação podem ser analisados a partir de discussões voltadas à legitimação de narrativas e embates acerca da nomeação de eventos históricos. As disputas memoriais revelam dinâmicas representacionais em relação ao passado social. Por fim, a memória histórica e as representações sociais vinculam-se a diferenças grupais, bem como a conflitos simbólicos.
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