RESUMOEste trabalho examina construções copulares do português brasileiro, como (i) Maria bêbada é chato e (ii) Crianças é divertido, em que o predicado exibe uma forma não marcada para gênero e número (masculino singular), apesar da forma feminina e/ou plural do nome no constituinte em posição de sujeito. Defende-se que não é possível propor uma análise unifi cada para tais sentenças. No primeiro caso, a aparente falta de concordância é resultado da concordância neutra com uma small clause na posição de sujeito. No segundo, é resultado da presença de um DP defectivo com relação a traços de concordância. ABSTRACTThis work is concerned with copular clauses in Brazilian Portuguese, as in (i) Maria bêbada é chato 'Maria drunk is annoying' and (ii) Crianças é divertido 'children is fun', in which the predicate exhibits an unmarked form for gender and number (masculine singular), in spite of the feminine and/or plural forms of the nouns in the subject constituent. We claim that a unifi ed analysis is not available for such clauses. In the fi rst case, the mismatching agreement pattern is the result of a neuter agreement with a small clause subject. In the second case, the lack of agreement is due to the presence of a DP subject which lacks agreement features. 1 We are indebted to the audience of the Conference "(In)Defi nites and Weak Referentiality" for comments. We also wish to thank two anonymous reviewers for suggestions. On Denoting Abstract Entities 270 PALAVRAS-CHAVE Concordância neutra. Entidades abstratas. Semântica. Small-clauses. KEY WORDS Abstract Entities. Neutral Agreement. Semantics. Small Clauses.
RESUMO Neste artigo, analisamos as propriedades e a distribuição dos adjetivos intensificadores no português brasileiro, tendo em vista suas propriedades morfossintáticas, sintáticas e semânticas. Submetemos os dados a testes com o propósito de verificar seu comportamento em relação à ordem, definitude, e tipo de sentenças e sintagmas em que ocorrem. A partir disso, propomos algumas generalizações com relação à sua distribuição: (i) são exclusivamente prepostos, (ii) ocorrem em sintagmas definidos e indefinidos, (iii) ocorrem em sentenças exclamativas, e (iv) podem ser empregados em contextos de duplicação de determinante em sintagmas nominais indefinidos. No que concerne à categoria lexical que modificam, observamos a formação de dois subgrupos: aqueles que modificam apenas nomes (viz., baita, bruta, senhor(a), puta) e aqueles que modificam nomes e palavras de outra natureza categorial (viz., mega, hiper, super). Essas considerações nos fornecem um conjunto de informações sobre a controversa natureza morfológica de mega, hiper e super. Embora sejam tratados como prefixos, argumentamos que essa análise não é plausível. Em contrapartida, sugerimos que tais formas sejam consideradas adjetivos autônomos. Essa assunção, por sua vez, permite-nos explicar facilmente formações como supermercado, mega-feirão e hipercorreção, analisando-as como compostos de combinação categorial A-N, contrariamente ao que a literatura vem assumindo.
Este artigo apresenta a distribuição de advérbios predicativos e predicados secundários no português do Brasil. Mostra primeiramente que advérbios orientados para o sujeito compartilham com predicados secundários o traço de poder ser orientado para um participante do evento e não exclusivamente para o evento, como propõem as teorias semânticas de eventos. O artigo apresenta também o comportamento dos adjetivos usados adverbialmente e argumenta, contra Lobato (2005), que não há como negar o valor adverbial desses adjetivos. Argumento ainda que o comportamento de advérbios e adjetivos se sobrepõe somente quando são predicados adjuntos.
This paper aims to bring back some central issues concerning Small Clauses, accounted for in the gerativist literature of the 80’s and 90’s, mainly. We intend to clarify these points using examples of Brazilian Portuguese. We also intend to present this as a means to disseminate these debates to make them available to those who are interested in the subject, as well as to point out empiric and teoretic questions that demand some kind of solution and that can be the theme of future research.
Nas línguas românicas, há um uso peculiar do adjetivo: ele é usado no contexto de um advérbio de modo, como mostra (1). No português do Brasil, a construção é bastante produtiva.(1) a. Elas falam claro.b. Essas mulheres trabalham duro. c. As crianças comeram escondido.Este adjetivo, para o qual usarei a denominação de adjetivo adverbial, se realiza sempre no masculino, singular, ou seja, não concorda com nenhum NP presente na sentença, como se pode observar em (1): o NP sujeito das sentenças são formas femininas e estão no plural. Esta característica distingue esses adjetivos daqueles que se constroem como predicados secundários, em especial os descritivos (depictivos). Esses predicados modificam um argumento presente na sentença e concordam em gênero e número com eles, como mostra (2).
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