A preocupação com o cuidado – ou care – tem marcado boa parte das sociedades contemporâneas, particularmente quando se pensa no envelhecimento populacional e se imagina um déficit de cuidados, dada a perspectiva de um número insuficiente de cuidadores para atender uma quantidade crescente de pessoas dependentes. Essa preocupação tem despertado um grande interesse em pesquisas e reflexões voltadas para questões relacionadas com o cuidado. No intuito de reunir algumas destas reflexões, este livro traz artigos instigantes de cientistas sociais de diferentes países envolvidos com a temática, os quais articulam, sob diferentes abordagens, questões relativas a gênero, velhice e deficiência. Com uma tradução primorosa, realizada por alunos da pós-graduação do IFCH/UNICAMP, está aí um passo inicial para a realização de investigações sobre a ética do cuidado, a biopolítica do envelhecimento e o fluxo de homens e mulheres imigrantes encarregados de diferentes dimensões do care no mundo globalizado.
APRESENTAÇÃOCultura & Sociedade. Pensamos este dossiê tomando como pressuposto a relação intrínseca entre esses dois termos. O título também se remete ao livro clássico de Raymond Williams, consistentemente resenhado por Ugo Rive! i nesta edição n. 7 da Revista Idéias. Nessa obra, o marxista britânico defende que a noção moderna de cultura emerge em meio à experiência histórico-social inaugurada pela revolução industrial e adquire contornos em reação às mudanças introduzidas pela modernidade. Na esteira desse processo, certa tradição (em particular a do romantismo inglês) concebeu a cultura -e a arte, em específi co -como um âmbito dissociado da sociedade: dissociado porque superior, lugar de preservação dos valores e iluminações contrapostos à mesquinhez da experiência capitalista. Em outra perspectiva, a tradição de pensamento à qual se fi lia Williams, e que Maria Elisa Cevasco denomina de "tradição materialista", busca justamente os elos entre produção cultural e processo social, entre arte e contexto histórico, entre forma estética e realidade sócio-histórica. Os modos de apreensão desses liames, entretanto, são diversos e um dos nossos interesses foi trazer à discussão problemáticas teórico-metodológicas e análises concretas que trabalham com essas questões.Os estudos de cultura em abordagens relacionadas às Ciências Sociais e à História vêm se expandindo largamente ao longo dos últimos anos e este dossiê não tem a pretensão de contemplar de maneira eclética as diversas tendências e enfoques teóricos que se apresentam na área. Ao contrário, consideramos que os ensaios apresentados neste dossiê Cultura & Sociedade: para uma análise cultural materialista -escritos por professores convidados, com consolidado trabalho na área -compõem um todo coerente e bem articulado, não obstante a independência e a singularidade de cada perspectiva. Âmbitos diversos da produção cultural, como literatura, cinema e música, são analisados a partir de olhares sempre atentos às imbricações com o processo social,
O objetivo deste artigo é discutir as formas pelas quais algumas entidades representativas da classe médica brasileira operam o conceito de violência obstétrica e apresentar as controvérsias em torno deste conceito. Pautando-me na proposta teórica de Ilana Löwy, busco refletir sobre como violência obstétrica se coloca como um conceito fronteira, cuja imprecisão demonstra a força de seu efeito. Ou seja, são as controvérsias em torno do conceito que fazem com que ele ganhe proeminência nas arenas públicas de debate em torno dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Para isso, analiso alguns pareceres e resoluções de conselhos federal e regionais de medicina, em diálogo com outros eventos etnográficos que persegui no processo de pesquisa. Mostro como o conceito de violência obstétrica ganha diferentes contornos na voz das entidades representativas de médicos no Brasil e concluo com a ideia de que o parto se tornou um evento público, em que as controvérsias são não apenas científicas, mas também morais e políticas.
O desafio desta pesquisa foi fazer uma etnografia de um blog materno na internet, o Blog Mamíferas. Através da análise das mensagens postadas e entrevistas com as suas produtorasas mamíferastratou-se de demonstrar que a sua autodefinição como feministas envolve a transformação do parto e do trabalho de cuidado dos filhos em momentos de puro prazer; a crítica à violência obstétrica e aos pressupostos da pediatria; a percepção do feto e do bebê como sujeitos de direitos; e a definição de um novo script para os pais.
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