Sociologia da Infância, investigação, metodologia, questão geradora.
Uma exposição fotográfica sobre as brincadeiras das crianças de São Tomé e Príncipe (latitude 0°) e as brincadeiras das crianças de Portugal (latitude 41°) são o mote para refletir sobre a promoção universal Direito a BRINCAR e a plena participação cultural das crianças nas suas sociedades, expressos nos nº 1 e 2 do artigo 31º da Convenção dos Direitos da Criança de 1989, respetivamente. Na análise das brincadeiras dessas crianças, é possível o (re) conhecimento dos lugares a partir dos quais as crianças vêm o mundo e atribuem significado ao que as rodeia. Ou seja, o mapeamento dos tempos, lugares e das formas como se cruzam o mundo adulto e o mundo infantil ou como são constituídas as culturas da infância. Aqui se sugere que proclamar, respeitar e promover o direito universal da criança a brincar só terá sentido se todos os esforços para a concretização desse direito se basearem na ideia de localização das brincadeiras das crianças.
Esta proposta tem como objetivo apresentar um projeto desenvolvido no Instituto de Educação, Universidade do Minho,[1] que no âmbito da sua missão enquanto escola de formação de educadores não pôde ficar indiferente ao impacto da Pandemia COVID-19 na população em geral e nas crianças em particular. [1] A Universidade do Minho situa-se em Braga, Portugal.
A crise pandémica que vivemos, motivada pela disseminação da COVID-19, tem tido um alcance massivo que não conhece fronteiras, acarretando sentimentos de vulnerabilidade e insegurança que trespassam classes sociais e grupos geracionais. No caso da infância, as situações de crise são particularmente impactantes no exercício dos seus direitos básicos. Conscientes desta realidade, consideramos ser fundamental recentrar a reflexão e contribuir com conhecimento produzido a partir das vozes das crianças, que nos permita caracterizar o seu bem-estar subjetivo em tempos de pandemia. Para tal, apresentaremos uma reflexão sobre a infância e o conceito de bem-estar subjetivo, a qual nos apoiará na análise dos dados resultantes de uma pesquisa, que teve como objetivo, precisamente, caracterizar o bem-estar subjetivo das crianças em tempos de pandemia. Para o efeito, foi desenvolvido online um “Questionário sobre o bem-estar das crianças em tempo de pandemia”, tendo em vista aceder às perceções das crianças relativamente às dimensões da saúde, educação, relacionamentos com familiares e pares e satisfação com a vida. Cumulativamente, em parceria com a “Rádio Miúdos”, foram também realizados “Debates Temáticos” com as crianças sobre a situação pandémica. A partir da análise e discussão dos dados obtidos, é possível divulgar conhecimentos sobre a sua vida quotidiana, entre crianças, na família e na comunidade, e promover a compreensão das suas convicções, do seu grau de satisfação com o meio e com as relações que mantêm em situação de pandemia.
Resumo. Este é um convite a descobrir as epistemologias da latitude zero, ou seja, aquilo que sabem aqueles que não sabem: quer porque são crianças, quer porque são africanas; tanto porque são marginalizadas pelo adultocentrismo quanto porque são invisibilizadas pelo eurocentrismo. No quadro teórico da sociologia da infância e no âmbito das teorias pós-coloniais estão presentes os pressupostos de reflexividade, colaboração e participação, os quais também ecoam na utilização das metodologias visuais. Assim, a escrita deste artigo faz uso dos registos fotográficos para a revelação dos saberes das crianças santomenses e a provocação de questionamentos: a normatização das brincadeiras das crianças e a valorização do ato de brincar em si próprio; a preservação da relação entre a criança e a natureza enquanto palco privilegiado do brincar; e a promoção de relações significativas com as crianças, (re) conhecendo as suas culturas lúdicas. Palavras-chave: Culturas lúdicas; África; sociologia da Infância; estudos pós-coloniais.[es] Epistemologías de latitud cero: juegos, diversiones y juguetes de Santo Tomé y PríncipeResumen. Este artículo es una invitación a descubrir las epistemologías de la latitud cero. Es decir, lo que saben aquellos que no saben nada: ya sea porque son niños, o porque son de África; tanto porque están marginados por el adultocentrismo como porque se hacen invisibles a causa del eurocentrismo. En el marco teórico de sociología de la infancia y en el contexto de las teorías postcoloniales, están presentes los supuestos de reflexividad, colaboración y participación, de los cuales también se hacen eco las metodologías visuales. Este artículo emplea los registros fotográficos para revelar el conocimiento de los niños de Santo Tomé, así como para reflexionar sobre sus provocaciones: la regulación de los juegos de los niños y la apreciación del hecho de jugar en sí mismo; la preservación de la relación entre el niño y la naturaleza como escenario privilegiado del juego; y la promoción de relaciones significativas con los niños, (re)conociendo sus culturas lúdicas. Palabras clave: Culturas lúdicas; África; sociología de la infancia; estudios postcoloniales.[en] Epistemologies from Latitude Zero: Games, Plays and Toys from São Tomé and Príncipe Abstract. This article is an invitation to discover the epistemologies of latitude zero. That is to say, the knowledge of those who do not know: either because they are children or African, because they are marginalized by adult-centrism, or because they are made invisible by Eurocentrism. Both the theoreti-1 CIEC-UMinho (Portugal)
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