Dedica-se neste artigo a analisar as especificidades da educação inclusiva, da implementação institucional à prática da sua ação. Argumenta-se que a educação inclusiva se apresenta frente a um desafio o qual se constitui no descompasso entre a epistemologia clássica da educação e a da educação inclusiva. Isto é, se de um lado a partir da epistemologia clássica a ação escolar utiliza como pressuposto básico a homogeneidade, funcionalidade e evolução, por outro lado, o pressuposto básico da educação inclusiva é que as diferenças se constituem em fator construtivo, a partir de trocas de experiências advindas das diferentes experiências de vida construídas nas especificidades e singularidades sociais. Porém, se a institucionalidade da escola, suas regras, normas e valores, continua assentada no pressuposto da epistemologia clássica da educação, o mundo social e acadêmico age de forma a criar caminhos que viabilizam a educação inclusiva, como é o caso da conquista da legislação e a pressão feita sobre a escola no sentido de acolher as diferenças e as singularidades sociais.
Este artigo, criado com base nos dados de uma pesquisa sobre o comportamento de “blogueiros” com deficiência intelectual, conduzida pelo grupo de pesquisa LER – Língua Escrita Revisitada – da Universidade Federal do Ceará, tem como objetivo analisar a influência que os comentários dos leitores de blogs podem exercer sobre as práticas de letramento digital de seus autores (pessoas com deficiência intelectual). Durante a pesquisa, foram observados cinco sujeitos com deficiência intelectual durante 15 sessões de trabalho com cerca de 50 minutos cada. As gravações das sessões possibilitaram uma análise do comportamento desses sujeitos depois de lerem os comentários dos interlocutores de seus respectivos blogs. Ao longo da alimentação de seus diários virtuais, estes sujeitos eram acompanhados por um mediador cujo papel era apoiá-los em suas abordagens. No início das sessões de trabalho, os blogueiros ficavam ansiosos para ver os comentários recebidos e para respondê-los. Os comentários dos leitores proporcionam uma oportunidade para que essas pessoas com deficiência intelectual percebessem o impacto do seus blogs e interagissem com um público diversificado. Esses indícios sobre o efeito do uso do blog, comprovadamente, estimulam práticas de letramento digital de sujeitos com deficiência intelectual.
Este artigo analisa a transformação das condições sociais de apropriação da leitura de crianças em condições de exclusão escolar, as quais foram nomeadas como crianças remanescentes (CR). Trata-se de uma pesquisaintervenção realizada por meio de um programa que convocou leitores da comunidade (LC) para o ensino da leitura na escola. Os resultados do estudo evidenciaram o papel pedagógico do Programa na transformação das condições sociais de apropriação da leitura, cuja função social da escola, para estes alunos, contemplou a apropriação de estratégias socioafetivas e culturais que por sua vez atuaram como condição essencial para que o ensino se efetivasse, implicando na apropriação de estratégias cognitivas e metacognitivas. O programa permitiu, assim, alterar as relações sociais, familiares e, sobretudo, escolares, nas quais essas crianças se inserem, tendo provocado mudanças na relação destes sujeitos consigo, com os outros e com o saber, o que caracteriza a sua educação propriamente dita via escolarização
Abstract. This article reports the results of developmental test analyses on literacy conducted with children with intellectual disabilities in Quebec and Brazil. Grounded on studies carried out in Argentina by Ferreiro and Teberosky (1986), with children without intellectual disabilities, we deal, comparatively, with three aspects in the development of literacy in children with intellectual disabilities: their interpretation of fragments of writing, the connection they establish between letters and numbers, and their knowledge of letters. The level of intellectual disability just as the stimulation to reading are taken into account in the analysis of data related to the three aspects previously mentioned. Children with intellectual disabilities develop, in many aspects, similarly to the children without intellectual disabilities during emergent literacy. Nevertheless, they are less consistent in the use of writing classifying criteria, as well as in their discriminating letters from numbers. Although, the level of intellectual disability influenced the children's progress greatly, the acquisition of the knowledge of letters differed mostly in accordance to the level of stimulation to reading.
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