O que se entende por “democracia” e por “direitos humanos” quando se defende uma educação literária democrática? E quando se defende a democratização das artes, em especial, da literatura? Partindo de um incômodo com algumas respostas a essas questões, cristalizadas na crítica literária e nas práticas de ensino de literaturas, este artigo tem o objetivo de problematizar e refletir sobre as concepções de democracia e de direitos humanos que embasam o ensino de literaturas no Brasil, propondo uma guinada a partir das teorias decoloniais. Para isso, revisitamos a obra “O direito à literatura”, de 1988, de Antonio Candido (2011), que se tornou referência básica em crítica, teoria, didática e ensino de literaturas até os dias de hoje, demonstrando como sua teoria se concentra na classe econômica e na apresentação dos bens culturais nacionais-universais em via de mão única para os estudantes desprivilegiados. Posteriormente, ainda que reconheçamos a relevância histórica da teoria de Candido, buscamos demonstrar, a partir da leitura de hooks (2017; 2019), Walsh (2009), Melo (2020) e outros autores, sua insuficiência para lidar com a realidade contemporânea dos jovens dentro e fora da escola. A partir daí, refletimos sobre a necessidade de um ensino de literaturas democrático, em direitos humanos, que se construa em diálogo e negociação não apenas com os grupos subalternos pertencentes a classes econômicas inferiores, mas também com os grupos subalternizados pela etnia, raça, gênero, sexualidade, localização geográfica etc., isto é, um ensino que se construa inclusive através da escuta.
RESUMO O objetivo deste trabalho é, a partir dos preceitos da decolonialidade (QUIJANO, 2005; WALSH, 2009), analisar as listas de leituras obrigatórias de vestibulares, investigando: os efeitos retroativos dessas listas nas práticas de letramentos literários escolares; a diversidade social, étnica, sexual e de gênero que elas promovem; como movimentam o cânone literário escolar; e como contribuem (ou podem contribuir) para uma maior democratização da/na educação literária. Para isso, selecionamos listas dos últimos vestibulares de sete universidades públicas, buscando contemplar instituições de cada região do Brasil. Tomamos as listas de leituras como importante ferramenta de legitimação de autores e obras literárias para o contexto escolar. A análise proposta é qualitativo-interpretativista (MOITA-LOPES, 1994; 2006) e compreende que todas as práticas de letramentos literários são ideológicas (STREET, 2014), o que pressupõe tanto uma investigação em diálogo com os contextos sociais e com os diversos atores/agentes em torno das práticas de letramentos analisadas, quanto uma interpretação que não isole os dados da pesquisa das relações de poder e disputas discursivas exercidas em torno deles. A partir da constatação de que a inclusão promovida por essas listas de obras literárias se limita apenas a determinadas diversidades, procuramos analisar, especialmente, a ausência de autores e obras LGBTQIA+, a fim de compreender as razões dessa ausência e demonstrar o potencial educativo que obras e autores desses grupos sociais poderiam ter na construção de práticas de letramentos literários escolares de reexistência (SOUZA, 2011; WALSH, 2009) para uma educação transgressora (HOOKS, 2017) e democrática.
RESUMO Estre trabalho surge a partir de incômodos de seus autores acerca do ensino de literatura e das discussões concernentes a esse domínio, sobretudo referente à exclusão da cultura de grupos subalternizados nos espaços educacionais. Nossa intenção é ampliar o debate sobre o impacto da colonialidade dos saberes no campo da educação e, mais especificamente, no contexto de ensino de literatura. Ao longo da discussão, temas como multiculturalismo, interculturalidade, cânone literário e formação de professores serão agenciados para fundamentar uma proposta de ensino de literatura estruturada pela diversidade cultural que compõe a sociedade, construída com os sujeitos subarternizados e incompatível com preconceitos étnicos-raciais, homofóbicos, misóginos e classistas. Apenas a partir dessas transformações, será possível pensar o ensino de literatura como processo educativo de inclusão e democratização cultural.
o presente artigo tem como objetivo apresentar e discutir atividades desenvolvidas em um projeto de extensão cujo intuito era promover o contato dos alunos com a leitura literária através do cordel. O projeto foi desenvolvido em quatro encontros, nos quais foi não só explorado o gênero cordel e elementos que o compõe, mas também os alunos foram estimulados a produzir seu próprio cordel. Ao fim das atividades, acreditamos que os estudantes foram estimulados a desenvolverem suas habilidades de leitura literária e a perceberem que a literatura não é distante deles, ela presente está em nosso dia-a-dia.
RESUMO: Sophia de Mello Breyner Andresen é considerada como um dos grandes nomes na lírica portuguesa contemporânea devido à grande qualidade de sua produção poemática. Os poemas andresenianos possuem uma forte consciência social e política, caracterizando o comprometimento com o Outro como uma das grandes linhas de força da escrita efetuada pela autora. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo estudar as aproximações existentes entre poesia, História e memória na obra andreseniana O Nome das Coisas (1977). Para tanto, nos propomos à análise de poemas referentes à Revolução dos Cravos, à deposição do totalitarismo português, e aos desdobramentos de tal sublevação lusitana. PALAVRAS-CHAVE: Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia, Revolução dos Cravos, Memória.ABSTRACT: Sophia de Mello Breyner Andresen is considered one of the greatest names in contemporary Portuguese lyric given the great quality of her poetic production. The andresenian poems show a strong political and social consciousness, characterizing the commitment with the Other as one of the strongest features of the author's writing. Therefore, the present work aims to study the approximations existent between poetry, History and memory in the andresenian book O Nome das Coisas (1977). In order to do that, we propose the analysis of poems concerning the Carnation Revolution, the deposition of the Portuguese totalitarianism and the consequences of the Portuguese revolution.
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