RESUMO:
Este texto tem como foco de observação, a partir da Historiografia da Linguística, a retórica de linguistas em momentos de ruptura na história do conhecimento sobre a linguagem. Para tanto são colocados sob análise posicionamentos discursivos em um texto que se considera na história da linguística brasileira como o de divulgação inicial da Gramática Gerativa no Brasil, a saber, a resenha que Miriam Lemle fez em 1967 das ideias de Noam Chomsky. A interpetação aqui proposta destaca um episódio do desenvolvimento da linguística no Brasil, acabando por evidenciar de que modo a prática científica é também uma prática discursiva, circunscrita a uma dimensão histórica e social específica.
PALAVRAS-CHAVE:
Historiografia da Linguística, Gramática Gerativa, Retórica de ruptura
___________________________________________________________ _____At the end of the 60s, the first news about Noam Chomsky's Generative Grammar spread among Brazilian Scholars. The first consequences of these North-American linguistic ideas was the creation of a study group that joined researchers who started applying Generative Grammar theories and its methods to Portuguese language data. This thesis aims at reconstructing this period of Brazilian Linguistics. In order to do so, it proposes the use of Linguistics Historiography, applying analytic categories such as investigation programs, research groups, internal and external reconstructions, argumentation patterns, revolutionary rhetoric, continuity and discontinuity.
Como previra em 1998 Ataliba Teixeira de Castilho no prefácio do primeiro livro de Cristina Altman (professora titular da Universidade de São Paulo), a historiografia linguística (HL) no Brasil deveria reconhecer dois momentos: antes de Cristina Altman e depois de Cristina Altman.Desde esse pioneiro trabalho de extensão em investigação historiográfica sobre os percursos da ciência da linguagem brasileira (analisada com elegância e acuidade ímpares em uma história situada entre 1968 e 1988), a HL no Brasil viu em Altman sua principal líder organizacional e intelectual.Formada pelos maiores nomes na área (na tradição anglo-saxônica Konrad Koerner; na tradição europeia Pierre Swiggers), Altman estabeleceu seu trabalho em análises rigorosas e ao mesmo tempo envolventes em sua escrita e em suas apresentações orais em eventos científicos. De modo que falar da linguística brasileira e sua história é necessariamente falar em Cristina Altman. Penso ser suficiente essa introdução para dar informações da autora do livro que aqui resenho; mas posso avançar um pouco mais e citar a geração de historiógrafos que ela formou na Universidade de São Paulo, a criação do Grupo de Trabalho em Historiografia da Linguística Brasileira da ANPOLL e (por que não?) os seus impressionantes estágios de pós-doutorado realizados em lugares de excelência acadêmica e intelectual como Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Japão. Novamente, mais sobre Cristina Altman não é preciso dizer, a não ser, ainda, o fato de que a comunidade de linguistas brasileiros (não apenas os historiógrafos da linguística, já que o seu livro de 1998, A pesquisa linguística no Brasil , é conhecido, lido e citado em trabalhos fora de seu campo específico) ansiava por outro livro de Altman.
No final da década de 1960, começaram a circularno cenário acadêmico brasileiro as primeiras notícias a respeito da Gramática Gerativa de Noam Chomsky. A consequência desse momento inicial de recepção das ideias linguísticas norteamericanas foi a formação de um grupo de especialidade que reuniu pesquisadores que se reconheceram como gerativistas e passaram a aplicar teorias e métodos da Gramática Gerativa a dados do português. Este artigo propõe uma reconstrução desse período da história da linguística brasileira, seguindo métodos e propostas interpretativas da Historiografia Linguística, a partir de categorias analíticas como programas de investigação, grupos de especialidade, parâmetros internos e externos, retórica de ruptura, continuidades e descontinuidades.PALAVRAS-CHAVE: Historiografia Linguística, Linguística brasileira,Gramática Gerativa
Este texto tem como objetivo propor uma reflexão teórico-metodológica sobre o uso do que a Historiografia da Linguística denomina como retórica nos estudos que procuram reconstruir com objetivo interpretativo momentos da história dos estudos sobre a linguagem.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.