Em populações muito afetadas por reações tuberculínicas inespecíficas, o teste tuberculínico padronizado, via de regra, superestima a infecção tuberculosa. A bem sucedida aplicação do método de Bhattacharya (método gráfico para a decomposição de uma distribuição de freqüências em componentes normais) na análise de resultados do teste em população contaminada por infecçõcs atípicas sugeriu seu uso nos resultados obtidos cm populações vacinadas com BCG. Assim, na análise dos resultados de dois inquéritos tuberculínicos realizados na cidade de São Paulo, SP (Brasil), em 1982 (escolares vacinados entre o segundo e o sexto ano de vida), e em 1988 (escolares vacinados no primeiro ano de vida), foi possível a caracterização e quantificação da componente normal devida à infecção natural em cada uma das misturas. Na população de 1982 o diâmetro médio das reações foi de 17,40 mm com desvio padrão 3,72 mm, e a proporção de infectados foi de 7,71% contra 4,85% nos não vacinados; na população de 1988, o diâmetro médio foi 17,00 mm com desvio padrão 4,67 mm, e a proporção de infectados foi de 4,14% contra 4,48% nos não vacinados. Concluiu-se que o método permite estimar a prevalência da infecção tuberculosa em populações com alta cobertura vacinal, desde que a vacina tenha sido aplicada no primeiro ano de vida.
INTRODUÇÃOA meningite tuberculosa (MT) é a complicação mais severa de todas as formas da tuberculose, exigindo hospitalização para seu diagnóstico e tratamento inicial, uma vez que é virtualmente impossível a cura expontânea da doença. Foi durante muito tempo de prognóstico fatal, apresentando letalidade para o total de casos em todo o mundo. É de consenso geral, que o declínio dessa letalidade começou a partir da descoberta dos quimioterápicos específicos para a tuberculose, em 1945, e atualmente é uma doença que pode ser considerada curável quando diagnosticada precocemente.Escobar e col. 3, em análise feita em 1975, alegam ser a letalidade menor nos países desenvolvidos, apresentando a doença graves problemas em áreas em desenvolvimento, decorrentes de desnutrição, más condições de vida e abandono de tratamento.Para Alvarez 1 quando a prevalência da tuberculose é alta, a primo-infecção tuberculosa e a MT são freqüentes em idades mais baixas.Editorial publicado no British Medical Journal 20 mostra que a MT vem se tornando relativamente rara em países com elevados padrões médicos e sociais, podendo, com os modernos tratamentos, ser encontrada total recuperação sem seqüelas, se o tratamento foi iniciado antes da pessoa se tornar inconsiente.No Brasil, em 1981, a incidência notificada de MT em menores de 5 anos de idade, apresentada por Gerhardt 5 , foi de 1,3 por 100.000 habitantes, ou seja, 23,6% do esperado que era 5,5. Justifica o autor como sendo devido à alta cobertura de vacinação BCG em nosso meio. Acrescenta ainda que o sub-registro e a dificuldade para o diagnóstico podem influenciar esse resultado.O Ministério da Saúde*** estima que a letalidade no país, por essa enfermidade, esteja em torno de 50%, havendo "forte correlação entre o estágio da doença quando do início do tratamento e o prognóstico do paciente, sendo possível,
ARANTES, G. R. et al. Estimativa do risco de infecção tuberculosa em populações vacinadas pelo BCG. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 26: 96-107, 1992. A revacinação de escolares com BCG, capaz de restaurar a alergia remanescente de vacinação realizada nos primeiros meses de vida, porém incapaz de modificar a alergia devida à infecção pelo M. tuberculosis, possibilitaria a quantificação da parcela dessa população infectada pelo bacilo de Koch. Foi desenvolvida pesquisa com o objetivo de avaliar a aplicabilidade desses pressupostos na estimativa do risco de infecção tuberculosa em áreas sob elevada cobertura com BCG. A população de estudo foi constituída por escolares com 6 a 9 anos de idade freqüentando escolas municipais da zona leste da cidade de São Paulo, durante o primeiro semestre letivo de 1988. De 11.455 vacinados, apenas 7.470 foram submetidos ao teste tuberculínico, revacinados em seguida e retestados dez semanas depois. Destes, 3.314 tinham sido vacinados no primeiro trimestre de vida com meia dose e os demais 4.156 receberam dose plena acima dessa idade (75% no primeiro ano de vida, 20% no segundo e 5% no terceiro). A contagem dos infectados, pelo confronto dos resultados pré e pós vacinais em tabelas de correlação, foi realizada segundo os critérios do método original e modificação introduzida pelos autores, separadamente para os vacinados no primeiro trimestre de vida e após essa idade. O risco de infecção foi, respectivamente, 0,35% e 0,37% com o critério original e 0,45% e 0,49% com o modificado. O referencial médio disponível para a área estudada, estimado por outros métodos, foi 0,55%. As diferenças entre critérios e idades e destes com o referencial não foram significantes (P > 0,05). Os resultados sugerem que o método é aplicável para a estimativa do risco de infecção tuberculosa na idade escolar, em vacinados com BCG no primeiro ano de vida, com dose plena de vacina. Descritores IntroduçãoAs reações cruzadas devidas a infecções por micobactérias atípicas diminuem a eficácia do teste tuberculínico padronizado 18 , comprometendo seu uso na vigilância da tuberculose. Esse efeito é tanto mais acentuado quanto mais elevada for a proporção dessas infecções em relação à prevalên-cia da infecção específica 1 .O mesmo acontece em áreas extensamente vacinadas com BCG intra-dérmico cuja influência sobre o perfil tuberculínico pode perdurar até a idade escolar, mesmo quando a vacina é aplicada nos primeiros meses de vida 3 .Em situações como essas, embora não seja possível distinguir indivíduos infectados dos não infectados, a prevalência daqueles pode ser estimada decompondo-se matematicamente o perfil tuberculínico dessas populações 4,26 .Na falta de uma tuberculina específica para o BCG, Dam e Hitze 5 propuseram um método que, ao lado da estimativa da proporção de infectados, possibilitaria a identificação dos indivíduos atingidos. Tal método é baseado em conhecimentos disponíveis sobre as inter-relações entre as hipersensibilidades devidas aos diversos agentes micobacterianos envolvidos na questão. Assim...
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