Resumo: Investigar a produção crítica machadiana, a partir da segunda metade do século XIX, como uma tentativa de definição teórica da crítica literária no Brasil é o que se pretende com este artigo. Trata-se de uma pesquisa sobre as condições de possibilidade da prática crítica, passando pela noção de valor (estratégia significante), pela questão do cânone e pelos processos de hibridação, modus operandi por excelência do discurso crítico machadiano. Nesse sentido, pretende-se refletir sobre a recepção do teatro shakespeariano nos ensaios críticos de Machado de Assis enquanto estratégia discursiva para a análise de O Primo Basílio, de Eça de Queirós (studium). E, como desdobramento lógico, cumpre discorrer sobre o trabalho da citação de Otelo, de Shakespeare, não só como "fonte" para o enredo de Dom Casmurro (1899), considerado "o mais subtil e genial romance de língua portuguesa" (LOURENÇO, 2015, p. 143), mas também para a gestação de Capitu, a personagem de ficção mais oblíqua e enigmática da textualidade machadiana (punctum). Palavras-chave: Machado de Assis. Shakespeare. Crítica literária. […] o único de nossos modernos escritores, que se dedicou sinceramente à cultura dessa difícil ciência que se chama crítica. Uma porção do talento que recebeu da natureza, em vez de aproveitá-lo em criações próprias, teve a abnegação de aplicá-lo a formar o gosto e desenvolver a literatura pátria.
Vera Sabino, na tela Rendeira da Lagoa da Conceição, surpreende os devaneios de uma jovem mulher com paisagem ao fundo sem que os hábeis dedos descuidem do maneio dos bilros. Entre imaginação e labor a renda se faz. Inevitável não evocar a ideia já consagrada de que todo texto é um tecido, tessitura. Por sinonímia, especialmente dedicado ao estudo das condições de possibilidade das literaturas contemporâneas de expressão portuguesa, equivale dizer que o presente número foi urdido numa parceria entre a revista Anuário de Literatura, publicação do Programa de Pós-Graduação em Literatura (UFSC) e o Real Gabinete Português de Leitura, sediado no Rio de Janeiro, cuja concepção surgiu em decorrência das recentes comemorações do Ano de Portugal no Brasil e Ano do Brasil em Portugal. Concorde a esse horizonte de expectativas, o volume 18 número 2 se abre com Damas e Donas de si: leituras de Minha Senhora de Mim de Maria Teresa Horta eMinha Senhora de Quê de Ana Luísa Amaral, de Fabio Mario da Silva, que procura identificar no corpus de análise evidenciado no título do seu artigo uma poética na qual o "eu" lírico constrói uma obra sui generis dentro de uma perspectiva feminista (feminina). Lido como "o intelectual em trânsito", o poeta moçambicano falecido recentemente Virgílio de Lemos é palavra-chave do artigo de Luciana Brandão Leal. A autora investiga em que medida a poesia de Virgílio Lemos produzida entre 1944-1963 se revelou rebelde e transgressora em relação ao gosto literário predominante em Moçambique e, ao considerar a produção
Resumo: as imagens do cinema incorporam experiências humanas e tecem sentidos entrela-çados aos elementos da realidade. As histórias narradas no cinema compõem, de forma plástica, reverberações da arte da memória descrita por Cícero e Quintiliano. Diante disso, falaremos sobre os estilhaços da cultura nos movimentos estéticos e éticos ocorridos na modernidade e a conservação de ícones e emblemas que persistem na atualidade das imagens do cinema. Para tanto, pontuare-mos, nessas imagens, elocuções e ornamentos alusivos ao tempo e ao passado. Destacam-se os mitos e suas personificações precárias materializados em sentidos, tanto nas formas plásticas como nas literárias. Palavras-chave: Alegoria. Cinema. Memória. O tempo é o elemento material que constitui a condição de nosso "eu", de nossas "almas". As imagens do cinema incorporam essas alegorias e as inserem nas correlações com a cultura e a memória. Nesses suportes artísticos e temáticos, as relações com a materiali-dade do tempo ocorrem pela duração da imagem e seus emblemas visuais que, ao agrupar ruídos perdidos, imagens desconexas, resíduos, sensações e reminiscências que poderiam ser esquecidas, enfim, as imagens e signos do mundo ganham corpus luminoso sob a forma de reminiscência. O tempo é necessário para que o homem, criatura mortal, seja capaz de se realizar como perso-nalidade. Não estou, porém, pensando no tempo linear, aquele que determina a possibilidade de
De acordo com o calendário chinês e japonês, o ano de 2012 é o ano do Dragão, uma criatura que vislumbra o imaginário coletivo de inúmeras culturas, e que angaria para si peculiaridades inerentes ao olhar de determinados povos. No Japão e na China, por exemplo, representa a paz e é celebrado a cada Ano-Novo. Seja na lembrança de uma serpente ou de um réptil, sua marca primordial é a luz púrpura que divisa de suas narinas. Pela luz divisada, do fogo, luz que remete à tela do cinema, vemos na imagem do dragão, analogamente, a do refletor, o emissor da verdade que se transfigura pelo olhar. É por conta desse fogo, dessa luz divisada, que escolhemos para capa da presente edição a imagem de um Dragão (sem título, técnica sumi-ê, pintura em nanquim sobre papel) elaborada pela artista Nadir Ferrari, que adotou Santa Catarina para criar raízes. Um dragão em vias de movimento, que pressupõe preparação para o ataque, atitude que precede um ritual, em posição de reverência, circundado por peixes -discípulos que o cerceiam, ciceroneiam.O cinema inclui uma poética que está intrínseca à retina. Olhos e ouvidos atentos para o que se configura diante da imagem refletida: dragão-refletor. Luz viva, luz negra, vibrante furta-cor. Cinema, literatura, adaptar uma ação: adaptação. Diálogos. Polissemia. Vozes em movimento.Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
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