Resumo O presente artigo apresenta uma reflexão crítica sobre as questões raciais e o enfrentamento ao racismo na micropolítica do cotidiano escolar. Nosso objetivo foi analisar o processo de construção e execução de uma investigação feita por estudantes do ensino médio sobre a presença e o combate ao racismo institucional em uma escola pública estadual de Fortaleza (CE). Trabalhamos a partir de uma pesquisa-intervenção (PI) articulada ao referencial teórico-metodológico da Critical Participatory Action Research (CPAR), que balizou a construção de uma “pesquisaCOM” com jovens. Desenvolvemos um curso de formação de jovens pesquisadores para construir uma pesquisa com ferramentas metodológicas em que eles fossem protagonistas na construção, aplicação e análise da pesquisa. Percebemos que o tema do enfrentamento ao racismo na micropolítica do cotidiano escolar teve centralidade no processo de pesquisa que os jovens realizaram entre seus pares. Os resultados apontaram que 30,2% dos secundaristas afirmaram ter sofrido algum tipo de preconceito racial, tais como: preconceito em relação ao cabelo por ser cacheado; ter escutado expressões/apelidos pejorativos por ser negro e não ter boas condições financeiras, além de relatarem não se sentir à vontade para falar sobre o preconceito presente na escola. Assim, a pesquisa realizada pelos jovens, intitulada “Como quebrar os padrões sociais?”, contribuiu para a discussão das relações raciais na escola, fomentando deslocamentos na formação de jovens pesquisadores atuantes e implicados no seu cotidiano com a intenção de descolonizar o saber e radicalizar o caráter participativo.
Resumo O presente estudo objetivou apresentar, a partir de uma análise interseccional quantitativa, em que medida os marcadores de raça/classe interferem no medo do crime e no autoritarismo em contexto brasileiro. Participaram 2.087 pessoas de todas as regiões do país, em uma amostra representativa da população brasileira, majoritariamente com idades entre 25 e 34 anos (26,3%), negros (60,0%) e pertencentes à classe D/E (27,3%), tendo respondido à Escala F de Adorno (versão 17 itens) e escalas para mensurar o medo, a vitimização e as chances de ocorrência de crimes. Análises de Variância não indicaram diferenças significativas entre raças para o autoritarismo (F = 2,600; p = 0,017), quando não considerado o efeito das classes. Contudo, houve diferença significativa entre classes (F = 14,265; p <= 0,001), principalmente dentre os brancos (F = 11,08 e p < 0,05). Já na comparação para negros e brancos em classes específicas, apenas no estrato B1 houve diferença significativa (F = 4,54; p <= 0,05). Níveis elevados de medo do crime aparecem em todas as intersecções de raça/classe, destacadamente dentre os negros de classe A (F = 6,52; p <= 0,05). A partir da análise discriminante dois perfis de agrupamentos com maior e menor medo do crime foram formados a partir de fatores como gênero, idade, raça, classe, chances de sofrer crime, autoritarismo. Discute-se as implicações dos resultados à luz dos estudos decoloniais em uma interlocução entre autores como Hannah Arendt e Crochik, além de teóricos pós-coloniais, como Mbembe, Spivak e Martin-Baró.
As práticas de violência contra as populações dissidentes de gênero e sexualidade são uma realidade cotidiana em todo o território brasileiro, marcada pela apreensão, sofrimento, insegurança e medo. Tal realidade social se expressa por estatísticas através dos relatórios que dizem respeito a práticas de violência voltadas ao público LGBTs. A questão da violência suscita uma interlocução com outros temas, tais como da mobilidade urbana que envolve o caminhar, explorando territórios, experiências e vivências. Nesse percurso, o estudo objetiva realizar uma reflexão sobre a caminhabilidade de pessoas dissidentes de gênero e sexualidade, com foco no público LGBTs, em seu entrelaçamento com a violência. Metodologicamente busca-se uma ampliação e maiores discussões a partir do campo socioantropológico da Teoria da Caminhabilidade, e assim, caracteriza-se por uma revisão de literatura em torno de uma hermenêutica problematizadora na qual faremos a confluência em teorias e conceitos. Com isso esperamos estabelecer maiores compreensões sobre os/as dissidentes sexuais e de gênero e as situações de vulnerabilidades em suas caminhadas nas cidades.
O presente artigo apresenta uma reflexão crítica sobre as violências que atravessam corpos marcados pela identidade de gênero dentro e fora da escola. Nosso objetivo é relatar a experiência de oficinas em escolas públicas de Fortaleza-CE, com base na vivência em campo no ano de 2021 do projeto de pesquisa-extensão Artes Insurgentes: coletivizando resistências. Trabalhamos a partir de uma pesquisa-intervenção (PI) articulada ao referencial ético-teórico-metodológico dos feminismos decoloniais sob uma lente intersecional. Desenvolvemos oficinas formativas em quatro escolas do Grande Bom Jardim (GBJ), com o apoio de coletivos e artistas do território. Nestas oficinas a discussão de gênero foi diretamente atravessada por relatos de violências, que carregam a denúncia das estruturas hegemônicas do patriarcado performado pelo machismo, cisbinariedade, misoginia, sexismo, e dentre outras formas de opressão em torno de gênero para além das paredes das escolas. Assim, mediante a esses cenários de constantes violações, durante as oficinas formativas, pudemos traçar coletivamente fissuras e aberturas aos devires, às linhas de fuga, que apareceram como um elemento diferencial que provoca rasgos no circuito desejante instituído.
Temos como objetivo discutir sobre marcas psicossociais da dinâmica da violência urbana nas experiências de adolescentes lésbicas moradoras de periferias de Fortaleza, a quem se atribui o cometimento de ato infracional e sob quem recai a pecha de “envolvidas” em facções criminosas. Para tanto, foram analisadas entrevistas narrativas com cinco adolescentes lésbicas subscritas em facções criminosas. Os resultados e discussões apresentam que a condição de lesbianidade expõe diferencialmente as adolescentes à precarização, colocando-as em condição de maior vulnerabilidade aos conflitos, à morte, à restrição de acesso aos territórios e à repressão policial. Além disso, analisamos as relações afetivas que essas adolescentes têm junto com integrantes de facções e a condição precária a que seus corpos estão submetidos. Concluímos que as transformações sociais do crime produzem efeitos psicossociais nas trajetórias de vida.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.