Compositor, letrista, cantor e escritor brasileiro, Vitor Ramil é natural de Pelotas, onde nasceu em 7 de abril de 1962. Autor de doze álbuns, Estrela, Estrela (1981), A paixão de V segundo ele próprio (1984), Tango (1987), À beça (1995), Ramilonga - A estética do frio (1997), Tambong (2000), Longes (2004), Satolep Sambatown (com Marcos Suzano - 2007), délibáb (CD+DVD - 2010), Foi no mês que vem (duplo - 2013), Campos Neutrais (2017) e Avenida Angélica (2022), álbum recente e de canções inéditas compostas a partir de poemas da poeta pelotense Angélica Freitas. Além disso, Vítor é autor de dois songbooks: Vitor Ramil (2013) e Campos Neutrais (2017). Vitor tem como temas recorrentes de suas músicas: o tempo, a paisagem, a melancolia e o cotidiano, muitas vezes constituindo imagens inundadas por subjetividades que compõem a experiência ao sul do Brasil. Seus trabalhos também são reconhecidos por reunir artistas e sonoridades brasileiras, argentinas e uruguaias. A ligação com a cidade e a cultura Pelotense são abordadas nas novelas Pequod (1995), Satolep (2008) e A primavera da pontuação (2014). Seu ensaio, apresentado na Conferência Porto Alegre, un autre Brésil, no Théâtre Saint-Gervais em Genebra: A estética do frio (2004), é um marco no pensamento sulino, porque propõe, a partir da música, uma nova forma de investigarmos o território ao sul do sul, onde a experiência da frialidade anuncia um ciclo sazonal, e sua percepção, um processo de criação em construção permanente. É nesse ensaio que Vitor afirma: “Não estamos à margem de um centro, mas no centro de uma outra história”, uma reflexão explorada na chamada dessa revista, e em diversos trabalhos que compõem a Pixo 21: Ao sul do Sul. Desde o início da Pandemia, Vitor Ramil trabalha em uma revista à conferência “A Estética do Frio”.
Estamos ao Sul do Sul. Nos constituindo como agentes de uma centralidade não apenas geográfica, mas artística, urbana e arquitetônica. Como palpita Vitor Ramil, em A Estética do Frio: "Não estamos à margem de um centro, mas no centro de uma outra história". E queremos reconhecê-la, descrevê-la ou inventá-la. Assim, querendo receber as muitas versões que dizem sobre esse território, esboçamos uma chamada aberta, mas não genérica. Ao incitar esse pensamento, nosso interesse estava na não precisão e no diálogo possibilitado pela heterogeneidade. Se estamos aqui, ao Sul do Sul, reconhecendo o que torna um território plural e significante, buscamos na diferença caminhos para movimentar as certezas. Longe de estipular uma versão unitária que especifique uma ideologia, tipologia ou estereótipo, convidamos os muitos a propor um novo território textual-imagético-poético ao sul do sul. A movimentação nos interessa e é parte de um giro epistemológico em processo. Partirmos.Nossa navegação começa ao encontro da literatura, da filosofia e da estética em VIAGEM AO FIM DO MUNDO, de Fernando Freitas Fuão. Em uma excursão ao extremo sul da América do Sul, o pensamento extrapola os conceitos de continuidade, natureza, collage e a própria noção de fim para nos provocar a pensar. Complementando a experiência sulista, Marlise Buchweitz nos convida a partir de TRAÇOS, OBJETOS, RASTROS E MEMÓRIAS QUE COMPÕEM UMA IDEIA DE SUL DO SUL, a olhar para a memória e a literatura para suscitar o que pode ser um lugar, a partir de uma paisagem cultural comum do sul.A parede branca, seção visual que compõe essa edição, é iniciada com os provocantes trabalhos de Federico Hurtado AVISTAMIENTOS DE OLIGARCAS. O artista argentino instiga, a partir de suas collages, a satirizar a imagem dos grandes oligarcas, surpreendentemente atualizados, que encontra em ilustrações de revistas europeias do final do século XIX. Expõe a proposição também na obra coleção de barcos (en una costa sin barcos), navegações bricoladas feitas com achados do mar de la plata.1 Graduanda em Artes Visuais -licenciatura (UFPel). Doutoranda em Arquitetura (PROPAR/UFRGS). Mestra em Arquitetura e Urbanismo (UFPel/2021). Arquiteta e Urbanista (UFPel/2018). 2 Doutora em Artes Visuais pelo PPGAV/UFRGS. É artista, professora e pesquisadora do campo das Poéticas Visuais. Sua produção artística é composta por trabalhos que articulam objetos, desenho, escrita e fotografia, e buscam através de um tom ficcional pensar sobre a produção de objetos e suas implicações com a memória, a casa e os modos de vida. É líder do Grupo de Pesquisa Lugares-livro: dimensões materiais e poéticas, CNPq/CA -UFPEL. Coordena o Projeto de Pesquisa OBJETOCOISA: reflexões sobre a criação e produção de materialidade na Arte. É professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, no Mestrado em Artes Visuais -CA/UFPEL, onde também é professora na graduação, em disciplinas voltadas à percepção do espaço tridimensional e a criação de relações entre arte e cidade.
Taís Beltrame dos Santos 2O dia está bom, saio de manga curta de casa. Sol e calor são um alívio no começo do inverno. A aula vai estar cheia. Já imagino. Hoje vou dar aula para a primeira turma durante três períodos. Coragem, mulher! Faço planos... Bem, as figurinhas já estão impressas. Ademais.. Papéis A3, tesouras e cola. Estou confiante. Já aprendi o caminho. Chego na escola um pouco antes do sinal bater. Algumas crianças já esperam para entrar Os alunos vão chegando aos poucos. Vamos conversando. A sala vai ficando agitada. Tento controlar o incontrolável. Proponho os grupos. Movem as classes. Conto que além de profe de artes, sou arquiteta e urbanista. Não me escutam. Começo a escrever no quadro. Arquitetura e Urbanismo. Discutimos sobre o que faz uma arquiteta e uma urbanista. Arquiteta projeta casas e edifícios, urbanista constrói cidade e espaços públicos. O que são espaços públicos. Chegamos no projeto de espaços públicos, e fizemos uma lista dos espaços públicos da cidade: Praças, Ruas, Avenidas, Parque, Praia. Enumeram os acontecimentos e fatos que os relacionam com o espaço! Viva: cidadania! Conto do meu projeto de mestrado, e compartilho com eles as figurinhas3. Ficam loucos, encantados. Distribuo folhas para recortar, e acompanho. Todos entusiasmados, fazem muito barulho. Algumas coisas fogem do olho. Preciso explicar em cada grupo o que penso em fazer. Ninguém se escuta. Recortam. Demoram. Fazem muita bagunça.Coloco meus cenários no quadro, e ensino eles a fazerem uma rápida perspectiva. Ficam encantados. Como se descobrissem a tridimensionalidade do espaço. Vou entregar folhas em branco, mas alguns alunos pedem para entregar. Permito, entregam algumas muitas folhas para algum grupo, outros ficam sem nada. Passo de grupo em grupo, assegurando que todo tem folha, e consultando que espaço eles irão desenhar... Praia, praça, rua... se dividem, alguns se des-organizam.
Marina Camargo é natural de Maceió, mas estudou em Porto Alegre, onde concluiu bacharelado e mestrado em Artes Visuais no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desde os anos iniciais, suas pesquisas estiveram marcadas por uma noção expandida de desenho, na qual imagem e pensamento se constituem mutuamente e, assim, estruturam o próprio processo de trabalho. Questões relacionadas a cartografia começaram a interessá-la durante o período em que viveu em Barcelona (onde estudou Cultura Visual na Universitat de Barcelona, Espanha), a partir de quando o sentido de deslocamento físico passou a ser recorrente em seus trabalhos. Em 2010, Marina Camargo recebeu uma bolsa do DAAD para estudar com Peter Kogler na Akademie der Bildenden Künste em Munique (Alemanha), onde posteriormente concluiu sua formação. Durante esse período, seu trabalho voltou-se para questões relacionadas a lugares específicos, explorando dimensões diversas da paisagem e da representação dos lugares. Atualmente vive em Porto Alegre e Berlim.
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