RESUMO:Este texto discute as diferentes acepções do termo discurso na teoria enunciativa de Émile Benveniste. Em um primeiro momento, traz considerações gerais acerca da leitura da teoria da enunciação de Émile Benveniste; em seguida apresenta um levantamento das ocorrências do termo discurso em um corpus formado por textos dos Problemas de linguística geral I e II (PLG) e, com base nesse levantamento, estabelece alguns dos possíveis sentidos para o termo discurso na reflexão de Émile Benveniste.O texto apresenta também um método de leitura da teoria da enunciação de Benveniste que permite contemplar as variações terminológicas que são características dessa teoria. PALAVRAS-CHAVE:Teoria da enunciação. Émile Benveniste. Discurso. ABSTRACT: This paper addresses the different meanings of the term discourse in ÉmileBenveniste's theory of enunciation. First, it features general remarks about the reading of Émile Benveniste's theory of enunciation. Subsequently, it presents a survey of the occurrences of the term discourse in a corpus consisting of texts of Problems in General Linguistics I and II. Based on this survey, it establishes some of the possible meanings for the term discourse in Émile Benveniste's reflection. The text also presents a method for reading Benveniste's theory of enunciation that enables to contemplate terminological variations that characterize this theory. KEY WORDS:Theory of enunciation. Émile Benveniste. Discourse. Introdução"Mais, même dans le champs, plus restreint, de la linguistique contemporaine, le mot discours recouvre des acceptions assez diverses issues des systèmes théoriques diffénts dont ils reflètent les enjeux conceptuels" (DESSONS, 2006, p. 57).1 As palavras de Dessons (2006), no livro Émile Benveniste, l'invention du discours, já apontam para a complexidade inerente ao termo "discurso". Se, como afirma o autor, no próprio campo da * Doutorado em Linguística e Pós-doutorado (CNPq) na Université de Paris XII-Val-de-Marne e na Université de Paris X-Nanterre (CAPES); professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Curso de Graduação em Letras e Programa de Pós-Graduação em Letras, e pesquisador PQ-CNPq. Porto Alegre -RS -Brasil. E-mail: valdirnf@yahoo.com.br.
RESUMO Este texto apresenta uma proposta de interpretação para a expressão enunciação escrita, presente em “O aparelho formal da enunciação”, de Émile Benveniste, com vistas ao estabelecimento de princípios norteadores do estudo da enunciação escrita no quadro formal de realização da enunciação. Procede-se a um estudo de natureza conceitual para, em seguida, apresentar, em termos prospectivos, possibilidades de abordagem. Para tanto, procede-se a um estudo conceitual não apenas no referido artigo, mas também em outros textos do autor em que o tema da escrita é abordado para, finalmente, precisar-se o sentido que se pode atribuir à expressão. O resultado da pesquisa indica que há diferenças de tratamento do problema da escrita na obra do autor, permitindo concluir que a expressão enunciação escrita, apesar de guardar relações com a noção geral de escrita, se distingue desta em função de sua vinculação ao quadro formal de realização da enunciação esboçado por Benveniste.
O ponto de partida é considerar que a expressão o homem na língua -utilizada pelo próprio Benveniste -evoca a indissociabilidade do singular (homem) e do repetível (língua). Na perspectiva benvenistiana, o homem não só está na língua, mas sua existência se singulariza na repetibilidade da língua. Assim, busca-se alargar essa teoria de forma a produzir uma reflexão que, embora não oposta à formulação teórica de Benveniste, não pode ser, pari passu, identificada a ela.Parto da constatação de que é comum, no âmbito da lingüística em geral, mas também em outros campos teóricos, a referência a Benveniste quando se quer fazer a distinção entre sujeito da enunciação (sujet de l'énonciation) e sujeito do enunciado (sujet de l'énoncé) ou mesmo entre enunciação e enunciado. No entanto, uma leitura atenta de sua teoria permite ver que Benveniste não fez tais distinções com a clareza que lhes é atribuída.Considere-se a dupla enunciação/ enunciado: essa distinção, mesmo que possa ser inferida das idéias de Benveniste, mereceria ser mais bem explicada. Em O aparelho formal da enunciação, um dos textos mais complexos da teoria benvenistiana, há apenas duas ocorrências de enunciado em contexto que alterna com enunciação 3 . Leia-se:Le discours, dira-t-on, qui est produit chaque fois qu'on parle, cette manifestation de l'énonciation, n'est-ce pas simplement la " parole " ? -Il faut prendre garde à la condition spécifique de l'énonciation : c'est l'acte même de produire un énoncé et non le texte de l'énoncé qui est notre objet. (PLG II 4 : 80) [Grifo meu] Nesse caso, Benveniste parece estabelecer uma diferença entre o que é da ordem do "acte de produire un énoncé", a enunciação, e o que é da ordem do "énoncé" propriamente dito. Porém, cabe ressaltar, essa diferença não recebe ênfase no texto em questão.2. Cabe observar, também, que este texto é parte de um trabalho bem mais longo. Cf. Flores, valdir do nascimento. "Sujet de l'énoncé et ébauche d'une réflexion sur la singularité énonciative". In: Normand, Claudine (Org.). Paralleles floues: vers une théorie du langage. No prelo. 3. Há outra ocorrência de énoncé, nesse mesmo texto, mas sem alternar com énonciation: " Le sens de chaque énoncé ne peut être relié avec le comportement du locuteur ou de l'auditeur, avec l'intention de ce qu'ils font " (PLG II :87)
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