O trabalho, fundamental àqueles que migram, é algo dotado de sentido, e espaço em que emergem vivências de sofrimento e prazer, capazes de promover a transformação dos ambientes laborais, ou de colaborar com o adoecimento. Esta pesquisa analisou as experiências laborais de migrantes venezuelanos, debatendo sobre o sentido do trabalho e as vivências de prazer e sofrimento laboral. Trata-se de um estudo qualitativo, transversal e exploratório realizado com dez venezuelanos que residiam no Sul do Brasil, em que um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada foram aplicados virtualmente. Analisou-se que, para muitos, o sentido do trabalho vai muito além de questões meramente materiais, voltando-se a questões de reconhecimento social, crescimento e satisfação pessoal, além de estabilidade financeira para si e familiares. As vivências de prazer apontam a importância do suporte e das oportunidades de crescimento como alicerce de saúde, engajando-os laboral e socialmente, e mobilizando para mudanças. Já as vivências de sofrimento indicam necessidades de intervenção imprescindíveis, sendo pontuadas a dificuldade linguística e cultural, xenofobia, relacionamento com colegas, medo do desemprego, sobrecarga laboral, precarização, e vivências de exploração e violência laboral. Aponta-se a necessidade de criação de Políticas Públicas de acolhimento, inserção socioprofissional e enfrentamento ao preconceito.
Objetivou-se compreender a percepção dos trabalhadores que atuam em Centros de Atenção Psicossociais sobre as repercussões da COVID-19 em seu trabalho. Ainda, descreveram-se as vivências de prazer e sofrimento experienciadas na pandemia, as estratégias mediadoras utilizadas e as repercussões em sua saúde mental. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, transversal e exploratória com quatro profissionais atuantes na saúde mental: duas enfermeiras, uma técnica de enfermagem e um educador físico. Como resultados, evidenciou-se impacto significativo no trabalho pela COVID-19, provocando alteração nas práticas profissionais, sobrecarga de trabalho e aumento dos riscos à saúde física e mental desses trabalhadores. As vivências de prazer remeteram ao desenvolvimento técnico da equipe e as de sofrimento à defasagem profissional e de serviços de apoio aos atendidos e à alta rotatividade de trabalhadores. As estratégias de mediação identificadas foram defensivas (apoio medicamentoso, terapias alternativas, atividades físicas, suporte familiar e social) e de enfrentamento (aperfeiçoamento profissional e espaços coletivos de qualificação técnica). Entre os impactos na saúde mental, destacou-se o desenvolvimento de sintomas psíquicos, especialmente o sofrimento pela expectativa e distanciamento sociais. Assim, a pandemia trouxe agravos à saúde desses profissionais. Espaços de escuta coletiva, qualificação dos profissionais e maior valorização dos trabalhadores podem minimizar os riscos identificados.
Objetivou-se fazer um levantamento de estudos empíricos publicados em 2020 e 2021 direcionados à saúde mental de profissionais da saúde que atuam no contexto hospitalar brasileiro no cenário da COVID-19. Realizou-se uma revisão narrativa avaliando artigos em duas bases de dados nacionais. Selecionaram-se seis artigos, cujos dados foram coletados entre abril e agosto de 2020, nos quais a maioria dos participantes era da área de enfermagem. Os principais sintomas percebidos foram compatíveis com diagnóstico de depressão e ansiedade. Contudo, houve outros sinais preocupantes, como estresse, sofrimento físico e psíquico, desesperança, entre outros. Destaca-se a importância de mais estudos com esse público durante março e abril de 2021, dado o aumento da demanda por conta da alta de casos e mortes por COVID-19. Ademais estudos longitudinais podem ser feitos a fim de se saber sobre o impacto na vida e na saúde desses profissionais que pode ter sido ocasionado nesse período.
A Residência Multiprofissional em Saúde atua como estratégica no cuidado em saúde às populações vulneráveis, como refugiados. Percebe-se um aumento no pedido de refúgios, especialmente pela onda migratória venezuelana. Este artigo sistematiza a experiência de residentes em Saúde Mental com o cuidado em saúde a venezuelanos acolhidos pelo Processo de Interiorização. Trata-se de um relato de experiência. Aponta-se necessidade do olhar em saúde mental diante de situações de deslocamento forçado, construindo autonomia e cidadania. Mapearam-se recursos do município e se pontuou necessidade de articulação em rede, especialmente de saúde mental. Notaram-se angústias nos venezuelanos pelo distanciamento familiar, desconhecimento de fluxo de acesso a serviços brasileiros, questões laborais, habitacionais e desconfiança nos pares dadas situações extremas vivenciadas na Venezuela, na travessia migratória e no Brasil. Apontou-se necessidade de educação permanente dos profissionais, articulação intersetorial, confecção de cartilha bilíngue, e espaços de socialização, lazer e cultura, essenciais ao cuidado em saúde mental.
Este manuscrito objetiva relatar a vivência de uma residente em saúde mental, que atuou em espaços de assistência à saúde e gestão em saúde, discutindo situações de judicialização do cuidado de crianças e adolescentes. Entende-se que a internação compulsória deles se constitui como um assunto de suma importância pelo aumento de casos e para elucidação dos fluxos de cuidado. É um relato qualitativo, transversal e exploratório, cujos instrumentos foram diários de campo e observação participante. A escrita versará sobre a experiência da residente em si, sem descrever serviços ou profissionais daqueles espaços. As percepções sinalizam a importância da educação permanente sobre o assunto, e consequente qualificação constante de profissionais que atuem tanto na assistência quanto na gestão em saúde. É perceptível o alto número de internação do público infanto-juvenil, especialmente àqueles que já vivenciaram grave violações de direitos humanos e/ou fazem uso de substâncias psicoativas, mesmo em situações não abusivas. A baixa articulação entre os atores de cuidado, bem como a dificuldade em aderência ao cuidado proposto a eles, ainda é um agravante não superado, refletindo na judicialização de infantes e jovens. Logo, a importância da residência consiste na sua estratégia de formação a profissionais que buscarão atuar na saúde pública e àqueles que já o fazem. O papel do residente se evidencia na potencialização de discussões teóricas que se aliem àquelas técnicas, promovendo reflexões críticas com análises participativas, percebendo incoerências e contradições na execução das políticas públicas de cuidado.
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