Esse artigo apresenta a meiga galega, que ao longo dos séculos deixou de ser a mulher cuja conduta oscilava entre a bondade e a maldade e passou a representar a proteção dos que em seus poderes creem, sem que com isso perdesse seus contornos originais de manipuladora de energia segundo os seus interesses. Esse estudo é válido porque trata de um levantamento bibliográfico que demonstra como a concepção que se tem da bruxa galega tem se transformado com o transcorrer do tempo e, especialmente no último século e meio. Para ancorar nossas considerações, nos amparamos em Alonso-Romero (1999), Blanco-Prado (2007), Câmara (2016), Jiménez-Esquinas (2013), Sánchez-Regueira e Sánchez-Regueira (1984) e Somoza-Sampayo (2011), dentre outros. Concluímos que o estudo das meigas galegas merece um olhar mais atento da Academia, já que reflete as mudanças econômico-sociais e histórico-culturais pelas quais os galegos vêm passando nos últimos cento e cinquenta anos e que reverberam em antigas crenças que resultam atuais, em um contexto que lhes empresta um novo significado para além do original. Estudar as meigas da Galiza representa um mergulho nas fontes mais genuínas da cultura galega, que nos influencia indiretamente, uma vez que o ibérico está conosco há mais de quinhentos anos.