O presente artigo visa a analisar e discutir a proposta conhecida como “Comunicação não-violenta” (CNV) através das lentes da Linguística. Tal proposta tem sido utilizada em muitos países do mundo como ferramenta no combate ao discurso intolerante, mas é pouco conhecida, ou até desprezada, nos meios acadêmicos dos Estudos da Linguagem. Este artigo analisa os quatro componentes da CNV: “fato/observação”, “sentimento”, “necessidade” e “pedido”, de acordo com o postulado em Rosenberg (2006, 2019). As conclusões são que a contribuição teórica da Linguística, especialmente de conceitos como “discurso”, “simulacro”, “evidencialidade”, “princípio da cooperação conversacional”, entre outros, proporciona mais clareza e coerência para noções utilizadas sem rigor teórico pela CNV e podem, por isso, contribuir para o desenvolvimento da proposta. Em relação à Linguística, espera-se que o artigo contribua para que a disciplina esteja mais engajada na construção de um mundo menos violento, seja analisando propostas já existentes de linguagem para a paz, como o que se faz aqui, seja propondo novas abordagens.