Tecnologia Em Tempos De Pandemia: A Educação a Distância Enquanto Panaceia Tecnológica Na Educação Básica

Abstract

O presente ensaio tem por objetivo discutir a adoção da Educação a Distância (EaD) na Educação Básica, efetivada por diferentes redes de ensino no Brasil em tempos de pandemia causada pela COVID-19. Especificamente, intenciona problematizar em que medida tal contexto sociotécnico e educativo constitui um rebaixamento da formação humana integral enquanto projeto político-pedagógico, bem como da própria EaD enquanto modalidade educativa, a um conjunto de relações instrumentais tecnologicamente mediatizadas. Para tanto, serão efetivadas análises em torno dos conceitos de técnica, tecnologia, neutralidade da tecnologia e racionalidade tecnológica, tal como propostos no pensamento filosófico de Herbert Marcuse - autor ligado a Teoria Crítica da Sociedade. Tendo por base estes conceitos e demais discussões do campo pedagógico, será analisado o caso de adoção da EaD e seus suportes tecnológicos na Educação Básica pela Rede Pública de Ensino do Estado de São Paulo, na condição de estratégia para a reposição de aulas regulares presenciais no contexto pandêmico.

O ensino remoto como estratégia de intervenção pedagógica em tempos de crise sanitária

“…Na conjuntura em que se abrange e delimitam os "fins" (os "porquês") e "meios" (o "como") a tecnologia age de forma a remediar os problemas sociais em suas possibilidades históricas (MALAGGI, 2020). Assim, sob o ponto de vista material, a tecnologia engendra o potencial para a continuidade das aulas no período de crise, o que sob a ótica histórico filosófica se entende "[...] como instrumentalidade que se presta a todo propósito e finalidade [...]" e (MARCUSE, 2015, p. 162).…”

“…Retomando a discussão em (MARCUSE, 2015), na atualidade somente os meios (o "como") tem sido discutidos, e neste sentido, "são técnicos; a racionalidade que lhe dá sentido, ao abordar o real"(MALAGGI, 2020) e, nesta perspectiva histórica sobre a realidade humana é que se observa um grande revés: a sintetização de uma forma clara de submissão racionalizada dos indivíduos a suas próprias criações agregando a elas uma configuração messiânica em sentido tecnológico. (MALAGGI, 2020).…”

“…Nesta tessitura, o fenômeno tecnológico não pode ser interpretado como um fator isolado, ou seja, se configura como um processo social desde seu âmago, configurado pelas relações entre os seres humanos em determinadas situações históricas a partir de suas necessidades existenciais (MALAGGI, 2020). Seguindo a discussão, os modelos metodológicos adotados podem, a partir do caráter sociodemográfico, gerar desencontros, dos quais pode-se citar a evasão por inacessibilidade ocasionada por fatores externos à instituição.…”

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS: um desafio que começa na formação inicial na licenciatura em pedagogia

“…Malaggi (2020, p. 74) complementa: É pouco problematizada em termos de sujeitos políticos coletivos do campo educacional, com a força popular necessária para tornar-se práxis política de transformação radical da realidade, o fato de a produção de riquezas no Brasil estar atualmente nas mãos de alguns poucos bilionários, aquele 1% que não paga quaisquer impostos sobre lucros e dividendos dos seus capitais financeiros, muitos deles de cunho especulativo. Malaggi (2020), atenta para as políticas públicas que também são responsáveis pelo ensino aprendizagem seja ele de forma presencial ou remota. Sendo de responsabilidade do Estado e da família garantir o acesso e permanência dos educandos nas instituições educacionais.…”

Desenvolvimento Do Pensamento Computacional: Percepção De Professores Da Educação Básica No Interior Do Paraná

“…Mesmo com tais constatações, estados e cidades brasileiras retomaram as atividades escolares que haviam sido paralisadas no início da pandemia, de modo não presencial. Malaggi (2020) destaca que disponibilizar acesso à internet, equipamentos e plataformas digitais para alunos e professores, não significa estar preparando-os para a adoção de um novo formato de ensino e, mais ainda, corremos o risco de, com essa nova possibilidade educacional, banalizarmos a concepção de educação, bem como, o uso da tecnologia no contexto educacional.…”