Apresentamos um levantamento referente à produção científica sobre CTS/CTSA existente nos principais periódicos e eventos da área de Educação em Ciências e da Educação Ambiental, no período de 2010 a 2016. Analisamos integralmente 27 trabalhos que se filiam à perspectiva CTSA objetivando verificar os motivos, pressupostos e interesses que marcam a escolha dos pesquisadores por essa denominação, bem como os sentidos que atribuem ao Meio Ambiente e à Educação Ambiental. Diante dos resultados podemos considerar que ainda não existe um consenso na área quanto à compreensão dos pressupostos e características presentes na perspectiva CTSA em comparação à perspectiva CTS, existindo também uma variedade de sentidos atribuídos ao Meio Ambiente. Ademais, existem possibilidades reais de uma produtiva interface com a Educação Ambiental, em que se destacam tendências conservacionistas ou críticas no tratamento das temáticas ambientais presentes nas pesquisas.
O presente artigo realiza um levantamento sobre quais aspectos das relações étnico-raciais e o ensino de ciências tem sido evidenciados nas pesquisas em Educação em Ciências, tendo como base as atas de um dos maiores eventos da área no Brasil, o Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC). Essa necessidade surge de cumprir demandas sociais históricas, reforçadas pela promulgação da Lei nº 10.639/03, que torna obrigatória a abordagem da história e cultura africana e afro-brasileira em todas as disciplinas. Contudo, a literatura aponta que a área de Ciências carece de discussões sobre essas questões. Com o objetivo de traçar um panorama das pesquisas sobre educação em Ciências e sua interface com as relações étnico-raciais, analisamos as atas do ENPEC de 2003 a 2015. Os resultados demonstraram que dentre as categorias que elencamos para classificar as pesquisas (concepções de alunos e professores, ensino, formação inicial e continuada de professores e material didático) destaca-se a produção em ensino e material didático. Além disso, é notada a necessidade de mais pesquisas que atentem para a elaboração de estratégias para a inserção das discussões sobre as relações étnico-raciais nas aulas de Ciências. As pesquisas mostram ainda que a área de Ciências é a que mais possui produção, seguida da Biologia e da Química. No entanto, nenhum trabalho foi encontrado na área da Física. Os temas mais comumente pesquisados são: a formação de professores, com o objetivo de pensar práticas para as discussões raciais e o ensino de Ciências. Evidenciamos assim que as relações étnico-raciais precisam ser mais contempladas no ensino de Ciências, pois mesmo que a Lei nº 10.639/03 as tenha tornado obrigatórias, ainda existe uma série de dificuldades para seu efetivo cumprimento, dentre elas a falta de materiais didáticos específicos e as limitações que os docentes possuem para incorporar essa temática em suas disciplinas.
Essa pesquisa tem como objetivo investigar as contribuições de um processo formativo no ensino de Ciências, que assume os pressupostos da Educação Ambiental Crítica, para a formação socioambiental de estudantes frente aos problemas ambientais existentes em sua comunidade. Esse processo formativo contou com a participação de 17 estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental que residem em uma comunidade rural do município de Cruz das Almas – Bahia. A coleta e análise dos dados ocorreram por meio da construção de desenhos desenvolvidos em oficinas participativas em Ciências para investigar os conhecimentos prévios e adquiridos a respeito da percepção ambiental dos estudantes. Como resultado foi possível perceber o quanto o viés naturalista está impregnado na formação dos estudantes, fato que dificulta a compreensão do Meio Ambiente, de forma a considerá-lo em sua multidimensionalidade. Contudo, a análise revela ser possível a transição de uma concepção ambiental mais reducionista para outra mais abrangente, a depender de como a Educação Ambiental é inserida, especialmente no ensino de Ciências, revelando também certa aproximação entre as representações de Meio Ambiente dos estudantes com a realidade vivenciada por eles, à medida que ocorre uma gradativa inserção do ser humano e de suas construções nesse meio.
As sequências, módulos ou unidades didáticas consistem em um importante instrumento no contexto do Ensino de Microbiologia, tendo em vista a sua potencialidade para a superação do modelo tradicional de ensino e a desconstrução de concepções equivocadas dos educandos em relação aos microrganismos. No entanto, ainda são pouco evidenciadas as escolhas teóricas e metodológicas que têm orientado a sua elaboração. Partindo destes pressupostos, o objetivo deste estudo é compreender quais escolhas teóricas e metodológicas têm orientado o desenvolvimento das Sequências Didáticas no Ensino de Microbiologia. Para entender esse cenário, revisamos trabalhos publicados nos periódicos e eventos nacionais mais relevantes para a área no período de 2009 a 2019, a fim de identificar as principais tendências relacionadas a este campo de estudo. Os estudos foram caracterizados e analisados com base na Análise Textual Discursiva (ATD), em que foi possível identificar: 1) duração da SD; 2) termo mais utilizado; 3) conteúdos contemplados; 4) referencial teórico-metodológico adotado; 5) relação das estratégias didáticas com os objetivos propostos; 6) relação do processo avaliativo com a aprendizagem a ser alcançada. Constatamos que os estudos sobre este campo são heterogêneos do ponto de vista teórico e metodológico, o que justifica a inexistência de uma nomenclatura em comum, e pesquisas sobre o uso de SD para o Ensino de Microbiologia apesar de crescente ainda são incipientes nos periódicos e eventos analisados. Quanto à duração, referencial teórico-metodológico, estratégias e processos avaliativos, ainda não estão explícitos os parâmetros utilizados para definir esses elementos, o que evidencia a necessidade de um maior rigor na elaboração e estruturação de planejamentos de ensino na forma de SD. Ressaltamos que as pesquisas envolvendo este tipo de planejamento devem evidenciar os seus elementos constituintes e as abordagens teórico-metodológicas utilizadas, bem como os parâmetros utilizados para definir o tipo de estratégia didática e avaliação de aprendizagem adotada e a duração da sequência. Diante dos resultados, entendemos que, será importante como próximo passo investigativo, a elaboração de planejamentos didático-pedagógicos, que incorporem e articulem todos os seus elementos, além de serem pautados em referenciais teórico-metodológicos consolidados e que considerem as teorias que envolvam sua construção, uma vez que, estudos com essas características no contexto do Ensino de Ciências ainda são incipientes.
Este artigo tem como objetivo investigar as compreensões de licenciandos em Química sobre as relações entre Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Sociedade no sentido de subsidiar processos formativos a serem desenvolvidos no contexto do ensino de Ciências. Para tal, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com alunos de uma universidade estadual, que expressaram a maneira como compreendem essas relações a partir de situações problemáticas e/ou controversas presentes na atualidade e recorrentes nas mídias sociais. As informações obtidas foram analisadas por meio da Análise Textual Discursiva que possibilitou o estabelecimento de três categorias principais: i) Ciência e Tecnologia: “Tudo depende de como eu uso?”; ii) É possível conservar e desenvolver? e; iii) A Ciência e a Tecnologia podem salvar o planeta? Dentre os resultados encontrados destacam-se: ausência de percepção e reconhecimento do processo de construção da Ciência-Tecnologia (CT); fuga da realidade objetiva e silenciamento/ocultamento da discussão acerca da base material capitalista; existência de concepções contraditórias e imprecisas a respeito da (não) neutralidade da CT; variedade de posicionamentos sobre a (in) conciliação entre conservação e desenvolvimento, quase sempre ligados à uma compreensão de Meio Ambiente próxima de natureza impactada e; uma visão otimista acerca das implicações sociais da CT e do papel das pessoas no encaminhamento e resolução dos problemas sociais. Além disso, de maneira geral, os licenciandos apresentam respostas pouco elaboradas, em que predominam visões reducionistas e focalistas que precisam ser problematizadas nos cursos de formação inicial de professores de Ciências.
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