A partir do pensamento moderno de visão de corpo que se funda na dicotomia corpo/alma, se desenvolveu a dificuldade em observar o Homem como uma unidade em que contam as contribuições dos diversos domínios que o integram de forma interatuante (biofísico, biopsíquico e biossocial). Essa visão reproduzida e perpetuada nos cursos de formação de professores levou-os a assimilar e colocar em prática essa dicotomia. Consequentemente nas escolas de hoje ainda predomina um modelo tradicional de classe, no qual o corpo é ignorado na sua linguagem gestual que, na maioria das vezes, traduz o que não é verbalizado pelo aluno: emoções, dificuldades e conflitos existenciais. Esta prática educativa é preocupação contemporânea da política educacional brasileira, que nos Parâmetros Curriculares Nacionais firma objetivos no sentido de humanizá-la e diversificá-la. Isso porque, hodiernamente, se reconhece que alunos na faixa etária correspondente ao 1º. Ciclo do Ensino Fundamental comunicam-se através de uma grande diversidade de canais e que, em geral, apresentam alguma dificuldade de se expressarem com proficiência somente através da linguagem verbal. No entanto, ao fazerem-no utilizando-se de outras formas de linguagem, podem não ser devidamente compreendidos por seus educadores que não possuem, em alguns casos, referências teóricas ou indicadores para avaliar as condutas e comportamentos motores expressos através da referida linguagem. Sendo assim, este estudo teve como objetivo apresentar algumas considerações teóricas acerca da problemática da linguagem não verbal, inserida no contexto da comunicação humana, bem como estabelecer alguns indicadores para avaliação da linguagem gestual e afetiva dos alunos do 1º. ciclo do Ensino Fundamental, que permitam uma melhor compreensão das dificuldades daqueles escolares. Tais considerações indicaram que a linguagem não-verbal, constituída pela aparência física, movimentos e/ou outras expressões corporais, desempenham um importante papel na comunicação humana, no relacionamento social e no processo cognitivo e que, algumas situações que se desenrolam em classe como o riso, os movimentos das mãos, o olhar, os gestos arcaicos, os comportamentos de combate e a descarga de adrenalina, podem servir de indicadores ou parâmetros para se interpretar a linguagem não-verbal ou corporal dos alunos, possibilitando à escola constituir-se como um lugar que leve em conta o corpo; um corpo-indivíduo que está ali a revelar sentimentos indizíveis, pulsões e contradições próprios do seu fazer-se, do seu inserir-se no mundo.