Os espaços rurais vêm apresentando mudanças significativas nas últimas décadas no Brasil. Neles surgem novas características entre as quais pode-se destacar a extinção dos espaços destinados as práticas agrícolas em razão da expansão urbana e da reconfiguração dos usos do/no rural decorrente das novas funções e das atividades econômicas. O município de Porto Alegre (Brasil), no qual ocorreu intensa expansão urbana, foi palco de grandes transformações em seu território com significativa perda de suas características rurais, o que inclusive o colocou na condição de metrópole junto à rede urbana brasileira. Considerando este contexto caracterizado pela presença de conflitos provocados pela expansão urbana e a consequente extinção das práticas agrícolas, o presente artigo tem por objetivo analisar os principais elementos econômicos, políticos e culturais que contribuem para manutenção de espaços destinados à agricultura em grandes centros urbanos utilizando a visão dos agricultores do município de Porto Alegre/RS.
O bairro Vila Nova vem sofrendo mudanças territoriais nas últimas décadas, tendo o capital, o simbólico e o poder público como agentes transformadores. A estas mudanças, estão associados os fluxos de mobilidade populacional, fator redutor do número de propriedades agrícolas. O objetivo é identificar as transformações territoriais ocorridas a partir de 1970, analisando o papel dos elementos geradores de atração/repulsão populacional. Também foi analisado o reflexo do crescimento da cidade na dinâmica social, política e econômica; o impacto do Plano Diretor e o histórico das principais infra-estruturas públicas e privadas locais. Para identificar as mudanças ocorridas foram utilizadas fotografias aéreas, documentos da prefeitura, censos demográficos e entrevistas. O caráter simbólico pôde ser percebido através das observações in loco realizadas com os agricultores e moradores do bairro, percebendo-se que os mesmos estão vivendo um momento de transição onde há resistência do caráter bucólico junto à nova dinâmica urbana. A influência do capital ocorre através da iniciativa privada que tem papel primordial nas alterações sócio-espaciais ocorridas no bairro, alterando o uso do solo pela fixação de atividade comercial e residencial. O Estado legitima as necessidades sociais, atendendo ou não os diversos interesses de diferentes grupos através do Plano Diretor. Palavras-chave: mobilidade espacial, transformações territoriais, identidade
A pandemia do novo coronavírus está presente em nosso cotidiano, causando perplexidade e chamando a ciência para minimizar os impactos da COVID-19 na saúde pública. A Geografia, conhecimento localizado entre eventos sociais e naturais, depara-se com uma necessária releitura do próprio sentido das dinâmicas da Natureza em situações que evidenciam seu descontrole, mesmo com todo o aparato técnico-científico-informacional contemporâneo. O SARS-CoV-2 foi metabolizado na rede tecnológica atual, e isso gera resultados catastróficos em várias localidades do planeta. Neste artigo, nossos objetivos são dois: apresentar considerações sobre o novo horizonte epistêmico para a Geografia no presente desafio planetário; passar da reflexão global sobre a pandemia para o prognóstico de seus possíveis desdobramentos na cidade em que vivemos e buscamos entender sua organização socioespacial de maneira crítica: Erechim, Rio Grande do Sul. A estratégia metodológica utilizada foi a elaboração de mapas temáticos a partir de indicadores de distribuição populacional por faixa etária, densidade demográfica e número de moradores nos domicílios. Essa seleção foi motivada pelo fato de pessoas idosas comporem grupo de risco em casos de infecção e pelas aglomerações facilitarem as transmissões. Os mapas produzidos expõem a distribuição dos idosos por toda a cidade, com maior concentração nos setores centrais, e identificam domicílios habitados por mais de seis pessoas na periferia. Tais informações foram comparadas com um mapa de exclusão/inclusão social, cujo resultado é um mapa-síntese para ações prioritárias contra a COVID-19 na cidade de Erechim.
Este artigo objetiva contribuir com estudos fronteiriços e com a análise conceitual das regiões-redes atreladas aos fluxos empresariais. O Rio Grande do Sul destaca-se por ser limítrofe a dois países (Uruguai e Argentina), com os quais o Brasil mantém importantes laços empresariais e comerciais. Em sua faixa de fronteira, abrange nove cidades gêmeas, quatro com o Uruguai e cinco com a Argentina. As cidades gêmeas representam desafios aos estudos sobre as fronteiras, visto que existem diferentes relações entre seus limites político-administrativos e a existência de núcleos urbanos comuns, em sua maioria caracterizados por intensos fluxos de pessoas e mercadorias. Como prioridade metodológica do estudo, parte-se das relações escalares locais-globais e analisa-se a localização das empresas matrizes-filiais. Por meio da ferramenta tecnológica Google Maps, selecionou-se uma amostragem das empresas registradas na plataforma e avaliou-se se os fluxos empresariais concentram-se na perspectiva local de integração interna às cidades gêmeas ou se estão relacionados às conexões externas (em seu país ou entre países). O estudo foi realizado nas cidades gêmeas Uruguaiana (RS/BR) – Paso de Los Libres (COR/AR) e San Xavier (MIS/AR) – Porto Xavier (RS/BR) e permitiu identificar as sedes das empresas, sua abrangência, o ramo da economia e as relações comerciais.
Os trabalhos de campo são importantes na trajetória dos estudos geográficos. Propiciam à produção de conhecimentos, contribuindo para uma interação particular entre teoria e prática. Além disso, por meio do campo garante-se autenticidade às observações e experiências, possibilitam-se descobertas e o desenvolvimento de novas teorias, inclusive, colocando-as à prova. Entre o(a)s geógrafo(a)s parece haver consenso e até certa obviedade com relação à importância do campo. Contudo, compreende-se que, para atingir a potencialidade na construção de conhecimentos, o campo não pode ser concebido como uma atividade meramente lúdica. Então, impõe-se a necessidade de refletir sobre a práxis e justificar sua necessidade no ensino, na pesquisa e extensão. Nessa perspectiva, busca-se responder: qual é a importância do trabalho de campo para a produção de conhecimentos geográficos no ensino, pesquisa e extensão? O que considerar ao propor um trabalho de campo? Apresentam-se, amparados na literatura sobre o tema, os elementos fundamentais que constituem as experiências de trabalho de campo no âmbito da ciência geográfica. As reflexões produzidas a partir dos princípios orientadores levam a considerar que tais práticas são produtos e produtoras do conhecimento, envolvendo uma atitude investigativa com reflexão e intervenção da/na realidade estudada. Assim, defende-se o trabalho de campo como práxis geográfica. Palavras-chave Metodologia, Geografia, Práticas espaciais. FIELDWORK AS KNOWLEDGE PRODUCTION: methodological contributions to geographical practice Abstract Fieldwork is important in the trajectory of geographic studies that provide a unique form of knowledge production, contributing to a particular interaction between theory and practice. In addition, the field guarantees authenticity to observations and experiences, enables discoveries and the development of new theories, including, putting them to the test. Between the geographer there seems to be consensus and even a certain obviousness regarding the importance of field activity. However, it is understood that in order to achieve potential in the construction of knowledge, the field cannot be conceived as an ludic activity. So, the need to reflect on praxis and justify its need in teaching, research and extension is increasingly imposed. The authors will seek to answer the following questions: what is the importance of fieldwork for the production of geographic knowledge in teaching, research and extension? What to consider when proposing fieldwork? In this article, supported by the literature on the subject, the fundamental elements that constitute the fieldwork experiences in the scope of geographic science are presented. The reflections produced from the guiding principles led us to consider that such practices are products and producers of knowledge, involving an investigative attitude with reflection and intervention of / in the studied reality. Thus, we defend fieldwork as geographic praxis. Keywords Methodology, Geography, Space practices.
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