Em teses doutorais, produzidas e publicadas no século XIX, médicos interessados na temática da higiene dos colégios acreditavam que a intervenção de seus conhecimentos seria capaz de ordenar higienicamente o espaço dos internatos. Para isso, procuraram intervir na organização do espaço e de determinadas práticas desses estabelecimentos, influenciando as famílias, diretores e professores dos colégios da necessidade de atentarem para a importância de diversas medidas higiênicas, visando à promoção do desenvolvimento físico, moral e intelectual dos pensionistas de colégio. Essas medidas eram divididass em prescrições sobre a organização do internato e cuidados específicos com a higiene dos pensionistas (cuidados e asseio do corpo, higiene da alimentação e higiene intelectual, física e moral). Uma preocupação muito recorrente era com o local apropriado para a instalação do colégio, que deveria ser distante de focos de infecções ou umidade, de preferência que fosse situado nos arrabaldes longe dos grandes centros de população, com a existência de arvoredo e de um rio próximo para o banho e natação dos internos. O edifício-internato modelo seria o que contivesse na sua divisão cozinha com todos os apetrechos, refeitório espaçoso, quartos de banhos, latrinas asseadas, dormitórios, vestiário, quarto para encarregados da vigilância, sala de estudo, sala de classes, desenho, escultura, música, gabinete de física, história natural e química, recreios, enfermaria, capela e ginásio aberto. Esses espaços deveriam ser higienicamente arejados e espaçosos, e todos eles, principalmente os dormitórios, com uma renovação de ar, ventilação, insolação e iluminação adequadas.