Apresentamos a perspectiva analítica e os procedimentos de geração, segmentação e transcrição de dados que adotados e desenvolvidos ao longo de mais de dez anos de pesquisas em Linguística Aplicada no Grupo de Pesquisa Interação Social e Etnografia para a análise da ação social humana mediada pelo uso da linguagem. A produção de asserções analíticas a respeito das atividades dos participantes de um encontro social requer observação detalhada de registros audiovisuais, exigindo revisitação para o aprofundamento das investigações. Por isso, as etapas de geração, segmentação e transcrição da fala-em-interação nesses encontros, em vez de preliminares à análise, são concebidas como partes integrantes da atividade analítica em si. Destacamos ainda nossas propostas de procedimentos para transcrição multimodal e a importância de exercício em sessões de análise conjunta.
This is a research report on other-initiated other-repair in ordinary conversation conducted in Brazilian Portuguese. With the aim of investigating whether the organization of this repair trajectory in Brazilian Portuguese interaction matches that described for conversationalists interacting in North-American English, 15 hours of interaction were analyzed within the framework of Conversation Analysis. Despite minor differences in some practices, the trajectory is found to be as dispreferred in this corpus as it is in English interaction. Additionally, it was observed that the repaired participant is constrained to acknowledge the repair movement on his/her prior turn.
RESUMO A ação de corrigir alguém, já analisada em diversos cenários, principalmente em sala de aula (Garcez, 2006; McHoul, 1990), recebeu atenção de analistas da conversa particularmente como desdobramento do estudo da sistemática de reparo (Schegloff et al., 1977), sendo por muitos tratada como subtipo de reparo. Questionamentos sobre a pertinência de manter a ação de corrigir no domínio do reparo (Cheng, 2014; Hall, 2007; Macbeth, 2004) motivaram retomarmos trabalho anterior (Garcez & Loder, 2005) e rever a questão. Nesta retrospectiva, além de levantamento bibliográfico de estudos desde então, analisamos dois excertos de fala-em-interação em português brasileiro (um de sala de aula e outro de conversa cotidiana) e evidenciamos os trabalhos interacionais próprios desempenhados mediante as ações de fazer reparo (em sistemática fundamental para abordar e resolver problemas de intersubjetividade) e corrigir o interlocutor (ação despreferida para expor posições epistêmicas desiguais). Afinal adotamos a posição de que, mesmo podendo operar sucessivamente numa mesma sequência, essas são ações em domínios organizacionais distintos.
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