Decolonial turn and Latin AmericaHasta que los leones tengan sus propios historiadores, las historias de cacería seguirán glorificando al cazador.Provérbio africano O objetivo principal deste artigo é o de apresentar a constituição, a trajetória e o pensamento do Grupo Modernidade/Colonialidade (M/C), constituído no final dos anos 1990. Formado por intelectuais latino-americanos situados em diversas universidades das Américas, o coletivo realizou um movimento epistemológico fundamental para a renovação crítica e utópica das ciências sociais na América Latina no século XXI: a radicalização do argumento pós-colonial no continente por meio da noção de "giro decolonial". Assumindo uma miríade ampla de influências teóricas, o M/C atualiza a tradição crítica de pensamento latino-americano, oferece releituras históricas e problematiza velhas e novas questões para o continente. Defende a "opção decolonial" -epistêmica, teórica e política -para compreender e atuar no mundo, marcado pela permanência da colonialidade global nos diferentes níveis da vida pessoal e coletiva.O trabalho está estruturado em duas partes. Em um primeiro momento é traçada uma breve genealogia do pós-colonialismo, propondo pensá-lo de um modo mais abrangente. O pós-colonialismo no contexto do argumento Revista Brasileira de Ciência Política, nº11. Brasília, maio -agosto de 2013, pp. 89-117.
O s termos "colonialismo" e "imperialismo" foram cunhados na transição do século XIX para o XX e tornaram-se indispensáveis para o entendimento das diferentes dinâmicas de expansão do capitalismo moderno no interior do sistema interestatal. Ao longo do século XX, uma vasta literatura sobre imperialismo foi desenvolvida por diferentes correntes, destacadamente no domínio do marxismo. Desde aí, as palavras império e imperialismo foram negativadas tanto pela críti-ca teórica marxista, quanto pela luta concreta de movimentos sociais e políticos, vinculando-as às formas de exploração, dominação e violên-cia econômica internacional.Ainda que uma teoria do imperialismo não possa ser encontrada em Marx e Engels, a colonização a partir da "América" foi posta como marco importante para a acumulação primitiva do capital (Marx, 2013:821)
Uma das constatações mais importantes realizadas nas últimas décadas no âmbito global da produção do conhecimento é a verificação da economia política que a estimula, particularmente no domínio das Ciências Sociais. Diferentes autores/as sustentam a existência de uma divisão global do trabalho que reproduz a lógica da geopolítica colonial e neoliberal: é do Norte global onde a criação de teorias com pretensões universais e explicativas são exportadas, estimulando um complexo processo de dependência acadêmica (Syed Farid AlATAS, 2003;Raewyn CONNELL, 2007). Com suas origens observadas desde o próprio nascimento das Ciências Sociais em termos de constituição, institucionalização e disciplinamento, observa-se, nos últimos anos, a articulação de um movimento acadêmico e intelectual que reúne diferentes perspectivas contestatórias a esse padrão em âmbito global.Suas primeiras expressões mais dispersas e esparsas, por sua vez, podem ser rastreadas em diferentes contextos ao longo do século XX. É mais recentemente, contudo,
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