Resumo Este trabalho discute e caracteriza as dinâmicas subjetivas e intersubjetivas das relações eu-outro(a)-mundo próprias à experiência íntima de confinamento domiciliar, a partir de diários textuais produzidos por três mulheres confinadas durante a pandemia. A partir da análise dialógica dos dados identificaram-se três estilísticas da intimidade confinada: a “introspecção da deriva”; a “performativa” e o “subjetivismo de fresta”. Estas alegorias dialógicas lançam luz sobre: (a) os principais impasses na manutenção das formas de vida pré-virais; (b) as ambiguidades enunciativas e ambivalências afetivas na construção de alternativas ao período de confinamento na dinâmica ser-com-os-outros e os-outros-em-mim; (c) as formas de vivência do tempo, na reconstrução do passado, nos modos de elaboração de futuros através também das intensidades do presente.
ResumoEste artigo discute os sentidos que leitores potenciais de jornais e revistas produzem para relações quantitativas apresentadas graficamente em textos da mídia impressa. Nosso foco é o processo de semiotização próprio à produção de sentidos em um contexto extra-escolar, que ilustramos através da análise de entrevistas com uma adolescente de 16 anos. A partir de uma leitura crítico-metodológica das proposições de L. Wittgenstein em Investigações Filosóficas, propomos a noção de trânsito lingüístico entre certa "gramática da escola" e os jogos de linguagem experienciados pelo sujeito no entendimento de gráficos, enquanto componente central do referido processo. O artigo visa contribuir para o debate acerca do uso que se faz de informações sobre quantidades na vida diária fora da escola, assim como para o desenvolvimento de uma perspectiva cognitiva acerca de questões relacionadas com a produção de sentidos.Palavras-chave: produção de sentidos; gráficos; jogos de linguagem; formas de vida; wittgenstein
AbstractThe production of meanings in the use of graphs. This article discusses the meanings that potential readers of newspapers and magazines produce for quantitative relations presented as graphs in texts of the printed media. Our focus is the semiotic process proper to the production of meanings in an out-of-school context, which we illustrate through the analysis of interviews with a 16-year-old girl. Starting with a critical-methodological reading of Wittgenstein's Philosophical Investigations, we suggest the notion of the linguistic transit between a certain "school grammar" and the language games which are experienced by the subject in his or her understanding of graphs, as a central component of such a process. The article aims at contributing to the debate on the use of quantitative information in everyday life out-of-school, as well as for the development of a cognitive view on issues related to the production of meanings.Keywords: production of meanings; graphs; language games; forms of life; wittgenstein O discurso envolvendo o tratamento de quantidades e o enfrentamento de situações nas quais os indivíduos se engajam em decisões sobre cálculos e relações matemáticas das mais diversas ordens é freqüente em afazeres diários, inclusive profissionais, muitos deles estranhos ao cotidiano da escola. Carraher, Carraher e Schliemann (1988), por exemplo, já sugeriam como crianças e adultos com pouca ou nenhuma escolarização podem ser surpreendentemente hábeis na realização de cálculos aritméticos e estimações de medidas em situações com as quais se deparam em suas práticas profissionais (como mestres-de-obra, pescadores, feirantes, etc.). Lave (1988), por sua vez, sugeriu que mesmo adultos com elevados graus de instrução escolar usualmente não recorrem aos procedimentos escolares de computação ao responderem a "dilemas aritméticos" na vida diária fora da escola, como em situações nas quais realizam o balanço de suas despesas domésticas.A este respeito, de la Rocha (1986) discutiu o caso de um indivíduo adu...
This paper discusses the potential for accessing the intersubjective psychic dynamics that the use of oral diaries about everyday life can offer to Psychology, from an ideographic, cultural, and qualitative perspective. Based on the authors’ experience with this research activity mediated by instant messaging applications, we argue about the singularity produced by such a field of elaboration of meanings regarding the affective, ambiguous and potentially creative and authorial face of such enunciations. The use of this research instrument took place during critical periods of the COVID-19 pandemic, a historical moment marked by a profound decentering of forms of life, which was the driving force behind significant cultural mutations both in the personal and collective spheres. We propose that the instrument provided interpretative access to three fundamental records of experience, namely: corporeality, temporality, and the meaning-making process.
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