Resumo: O trabalho busca compor uma teoria etnográfica da política kaiowá, o que significa dizer que, a partir do trabalho de campo, elabora um modelo de compreensão dos movimentos coletivos desses indígenas de língua guarani e de suas formulações a esse respeito -as quais, na tradução proposta aqui, corresponderiam, em parte, ao que nós, ocidentais, entendemos como política (estabelecendo, ainda, conexão com o que se vem denominando "cosmopolítica"). As formas políticas em análise aqui estão agrupadas em torno de três figuras de maior rendimento para a exposição: tendotá, johexakáry e aty. Por vezes, as formulações dizem respeito também aos Guarani de MS (falantes de ñandeva), uma vez que parte da pesquisa os alcança, e parte não. Para que sejam mais bem compreendidas, mostramos como essas formas podem ser postas em diálogo com relatos sobre diversas experiências políticas ameríndias, de grupos como os Tupinambá quinhentistas, os Iroqueses e os Maya de Chiapas, México. O trabalho também discute como a noção de redes sociais pode ajudar a repensar a versão canônica da história da região hoje habitada pelos Kaiowá e Guarani, o sul de Mato Grosso do Sul.
This article brings the transcription and revision of the roundtable discussion held at the III Latin American Congress of Political Ecology, which aimed to debate different experiences of collective struggles against projects of extraction of natural resource, with the participation of indigenous leaders, traditional communities and activist intellectuals. The narratives shares experiences in processes in which there was collective resistance to extractive-colonial projects and the right to say “no” was put into practice. In general, the presentations discussed the right to say no that emerges beyond the right to consultation, and that has as its assumption the guarantee of collective autonomy over life territories.
RESUMO A partir do relato etnográfico sobre uma assembleia Aty Guasu, dos kaiowa e guarani de Mato Grosso do Sul, o artigo propõe uma aproximação entre as formulações indígenas e as reflexões da ecologia política, a fim de encontrar parâmetros para melhor descrever a proposta política desse povo indígena e seus embates com o setor ruralista e o governo federal. O objetivo é discutir, a partir de um caso emblemático, limites e alcances da aproximação de nosso debate democrático com os movimentos indígenas latino-americanos.
A Teia dos Povos é uma coalizão que reúne grupos indígenas, quilombolas, camponeses, pescadores, representantes de comunidades de terreiros e outros grupos do Sul da Bahia em torno da agroecologia e da defesa dos territórios comunitários, entre outras iniciativas comuns. A Teia mantém reflexões e práticas que a aproximam do ideal autonômico, e o presente artigo busca, a partir de elementos extraídos de trabalho de campo etnográfico e pesquisa-ação, demonstrar como a construção dessa rede passa pela geração de mútuos afetos entre camponeses, negros, indígenas e moradores das periferias urbanas, configurando uma cosmopolítica sustentada por elementos que não podem ser completamente compreendidos a partir de uma sócio-lógica tradicional. Nesse afã, a pesquisa propõe lançar mão de elementos preliminares de uma teoria etnográfica sobre o encanto.
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