Introdução: O perfil de morbidade e mortalidade dos povos indígenas no Brasil tem mudado de doenças infecto - parasitarias para doenças crônico degenerativas, dentre elas o câncer de colo uterino. São necessários estudos com analise comportamental e rastreio de neoplasias para nortear o sistema de saúde pública. Objetivo: Analisar a prevalência de alterações citológicas cervicais decorrente de infecção por HPV (papiloma vírus Humano) através do rastreamento de mulheres indígenas da comunidade de Aracruz/ES. Métodos: Estudo de corte transversal, prospectivo realizado em Vitória – ES com aplicação de um questionário padrão para levantamento de dados clínicos seguido de coleta de citologia cervical durante consulta médica. Resultados: 95% (N = 190) das pacientes obtiveram resultados sem alterações citológicas - Dentro dos limites da normalidade. Das demais, 9 apresentaram atipias de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas (ASCUS) e apenas 1 apresentou atipia de significado indeterminado glandular, possivelmente não neoplásica (AGC). Não foram encontradas outras alterações citológicas cervicais ou câncer invasor. Conclusão: A neoplasia de colo uterino é a 4ª mais prevalente no mundo e a população indígena tem sido considerada vulnerável ao rastreamento e diagnóstico dessa doença por alta prevalência de casos. Entretanto, o rastreamento realizado nas indígenas da Comunidade de Aracruz / ES mostra um cenário diferente e favorável, com baixa prevalência de alterações citológicas cervicais.
Introdução: A proximidade das áreas indígenas a centros urbanos, as entradas de não indígenas nas aldeias, a incursão de jovens indígenas nas cidades, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas e a resistência ao uso do preservativo são alguns dos principais fatores de vulnerabilidade a doenças sexualmente transmissíveis e aids para os povos indígenas. Objetivo: Avaliar a prevalência das doenças sexualmente transmissíveis nas aldeias indígenas do município de Aracruz, no estado Espírito Santo. Métodos: Foram coletados dados de 302 mulheres indígenas em uma entrevista semiestruturada, elaborada especificamente para este estudo, com seleção de dados sociodemográficos que foram coletados no período de agosto de 2020 a maio de 2021 em uma consulta no ambulatório de ginecologia de um hospital universitário na cidade Vitória, no Espírito Santo. Todas as participantes, após consentimento informado, foram submetidas à coleta de sangue usando testes rápidos para vírus da imunodeficiência humana, sífilis, hepatite B e C. Resultados: A média de idade foi de 41 anos, a media de idade para início de atividade sexual foi de 15 anos, 68,7% tinham uma união estável, apenas 4,6% das mulheres relataram usar preservativos nas relações sexuais. No entanto, no momento da entrevista, apenas quatro pacientes tiveram o teste rápido reagente para sífilis; três delas na sorologia eram apenas uma cicatriz imunológica de tratamento prévio, e apenas uma delas tinha Estudo Laboratorial de Doenças Venéreas 1/64 e foi encaminhada para tratamento. Conclusão: Nosso estudo encontrou uma prevalência baixa de doenças sexualmente transmissíveis por meio dos testes rápidos de vírus da imunodeficiência humana, sífilis e hepatites B e C. Sabe-se que a população indígena em maior contato com a população branca apresenta maior índice dessas doenças, mas a população indígena das aldeias do município de Aracruz tem hábitos culturais e sociais que não favorecem uma alta prevalência delas. A média de idade das mulheres também foi um pouco alta, o que pode ter influenciado nesse resultado.
Introdução: A placenta acreta (AP) é uma condição patológica de placentação grave associada a parto prematuro e alto risco de hemorragia obstétrica maciça intraparto que afeta a saúde materna em todo o mundo. Na última década, estudos mostraram que o crescimento dos casos da AP é atribuído ao aumento da prevalência de parto cesáreo, e o diagnóstico pré-natal demonstrou diminuir a morbidade materna, tornando-se essencial para melhorar o manejo. Contudo, o envolvimento vesical e/ou de vasos pélvicos pode ocorrer, embora seja raro, resultando em mortalidade materna e fetal expressiva. Relato de caso: Paciente com 31 anos, G5 P5C A0, sem comorbidades, iniciou pré-natal de risco em função de quatro cesáreas prévias e, durante acompanhamento, foi diagnosticada com placenta prévia. Com 30,5 semanas, apresentou quadro de sangramento vaginal com duração inferior a 24 horas, sem outros sintomas associados, e compareceu ao pront-socorro do Hospital Universitário, onde foi internada. Evidenciaram-se por meio de ressonância magnética e ultrassonografia placenta prévia total, acrestimo placentário e suspeita de vasa prévia. Durante a internação realizaram-se dois ciclos de betametasona, e com 34,1 semanas foi indicada a interrupção por cesariana após o planejamento do manejo com uma equipe multidisciplinar. Previamente à cirurgia, um cateter duplo J foi inserido pelo urologista e logo em seguida a equipe de hemodinâmica inseriu um cateter em artérias uterinas para embolização, sem intercorrências. Procedeu-se à histerectomia total, na qual se visualizou acretismo placentário sem evidência de invasão a órgãos adjacentes, e a aderência em útero e bexigas foram desfeitas sem necessidade de embolização das artérias uterinas. Conclusão: A forte associação com cesárea e curetagem prévias ocorre pela formação de uma cicatriz que propicia a inserção inadequada da placenta. Feito o diagnóstico de acretismo placentário e possível invasão da bexiga, a conduta aplicada será a histerectomia total abdominal. É de extrema importância uma equipe multidisciplinar composta de obstetra, cirurgião vascular intervencionista, urologista e transfusionista nesses casos. As complicações incluem sangramento excessivo, coagulação intravascular disseminada, secção ou transfixação de um dos ureteres, sendo necessário segura hemostasia e drenagem da cavidade abdominal e, em alguns casos, passagem profilática de um stent ureteral duplo J. Em resumo, a fisiopatologia do espectro da placenta acreta é complexa. O diagnóstico pode ser feito no transoperatório, por ressonância magnética ou ecografia, e o tratamento vai depender do grau de acretismo. Neste caso de desfecho de sucesso, a abordagem pré-operatória multidisciplinar foi fundamental para prevenir lesões de órgãos adjacentes e sangramento descontrolado intraoperatório, impactando significativamente a morbimortalidade materna.
Introdução: O câncer de mama associado à gravidez é uma situação desafiadora, de manejo delicado, em função do dilema entre a terapia ideal para a mãe e o bem-estar do feto. O diagnóstico frequentemente é tardio e dificultado pelas alterações fisiológicas próprias da gestação, de modo que tende a apresentar estágio mais avançado. O objetivo do tratamento, em geral, é o controle locorregional e sistêmico da doença a fim de reduzir a morbimortalidade fetal e materna. Relato de caso: M.C.A., 33 anos, G3P2CA1, sem comorbidade prévias, iniciou acompanhamento com mastologista e pré-natal de alto risco no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, com 19 semanas e três dias. A gestação e o carcinoma foram constatados simultaneamente, após consulta em razão de dor e aparecimento de nódulo em mama esquerda, confirmados na 11ª semana gestacional. A ultrassonografia mamária evidenciava nódulo sólido hipoecoico (BI-RADS 3) e o exame histopatológico mostrou carcinoma mamário invasivo do tipo ductal infiltrante, associado a carcinoma papilífero intracístico grau 3 do tumor de Nottingham. No serviço, apresentava queixa de dor intensa em mama esquerda e, ao exame físico, nódulo palpável de 10 cm em quadrante superior lateral da mama esquerda e nódulo de 1 cm fixo e endurecido em axila esquerda. A paciente foi submetida a quimioterapia (QT) neoadjuvante com antraciclina e taxanos e, após oito sessões, compareceu à maternidade com perda de líquido vaginal, sendo indicada a interrupção por cesárea com 33,5 semanas. Retornou ao consultório com um mês de puerpério apresentando crescimento tumoral e intensa dor. Propôs-se cirurgia antes do fim da QT neoadjuvante pela resposta insuficiente e pela piora clínica local. A paciente foi submetida a mastectomia radical esquerda com esvaziamento axilar, sem intercorrências. Constatou-se carcinoma ductal in situ sem comedonecrose, medindo 6,5x4 cm, com múltiplos focos de invasão capsular de até 1 cm. Estadiamento anatomopatológico pT3N2a. Presença de metástases em quatro de 10 linfonodos, medindo até 1 cm, sem extensão extracapsular. Paciente mantém tratamento com radioterapia adjuvante e seguimento com mastologista e oncologista assistente. Conclusão: A grande maioria das gestantes com câncer de mama é candidata à quimioterapia sistêmica, que pode ser administrada com segurança durante o segundo e terceiro trimestres e risco mínimo ao feto. Estudos recentes revelam pouca diferença na sobrevida de gestantes e não gestantes com câncer. A terapia moderna, associada a equipes multidisciplinares ágeis, é chave para um desfecho favorável como o da paciente relatada, mesmo diante das intercorrências do trabalho departo prematuro e da interrupção da QT antecipadamente.
Introdução: O câncer de mama é atualmente a neoplasia com maior mortalidade no mundo em mulheres, seja em países desenvolvidos, seja naqueles em desenvolvimento. Estudos apontam que podehaver recorrência da neoplasia mamária de até 30% nos casos com linfonodos negativos e de aproximadamente 70% nos casos com linfonodos positivos. Um estudo americano mostrou taxa de recidiva de câncer de mama em 10 anos de 36,8%, dos quais a maior parte ocorreu nos primeiros cinco anos após o diagnóstico (81,9%). Outros diferentes trabalhos afirmam que o período de maior risco para a recorrência do câncer de mama são os primeiros três anos após o tratamento primário. Relato de caso: Paciente de 51 anos, com histórico de quadrantectomia e esvaziamento de mama esquerda em razão de carcinoma ductal invasivo em 2009 (imuno-histoquímica: KI67 40%/HER2 negativo/receptor de estrogênio >75%/receptor de progesterona 0; TNM: T2 N0 M0; linfonodos positivos), quimioterapia neoadjuvante e radioterapia adjuvante, com posterior implante de prótese de silicone na mama esquerda em 2012. A paciente prosseguiu em acompanhamento ambulatorial e, em agosto de 2020, foi detectado nódulo suspeito em região supraclavicular esquerda, optando-se por não fazer punção em razão da presença de importante vascularização local. Prosseguiu-se à investigação com ressonância magnética da mama, a qual revelou uma massa sólida mal definida na região infraclavicular infiltrando os músculos peitorais maior e menor e estendendo-se posteriormente até os vasos axilares, medindo 7,7x5,3 cm, com presença de linfonodos aumentados no mediastino anterior, nódulo BI-RADS 5 em proximidade da prótese. Decidiu-se então realizar nova abordagem cirúrgica em novembro de 2020 por causa da recidiva local, com retirada da prótese e biópsia da lesão, cujo laudo evidenciou carcinoma mamário tipo não especial G3. A paciente evoluiu sem intercorrências, recebendo alta no 1º dia de pós-operatório, com recomendação de retorno ambulatorial para acompanhamento. Conclusão: A neoplasia mamária é uma doença que abrange fatores psicológicos, sexuais e da autoimagem feminina e, infelizmente, a recidiva é uma realidade no carcinoma mamário. Assim, conforme a incidência do câncer de mama está aumentando com o passar dos anos, os métodos de diagnóstico precoce, a terapêutica correta e o acompanhamento contínuo para a identificação de casos de recidiva devem ser constantemente valorizados e aplicados pelo governo e serviços de saúde, para que possa haver melhorias nos desfechos das pacientes acometidas pelo câncer de mama, com o aumento da sua sobrevida e da sua qualidade de vida.
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