Migrantes, iMigrantes e refugiados: a ClíniCa do trauMátiCo
RESUMOEste trabalho visa a apresentar as atividades de extensão universitária realizadas pelo projeto Migrantes, imigrantes e refugiados: vulnerabilidade e laço social, desenvolvido no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, assim como seus objetivos, resultados e desdobramentos. Inicialmente, apresentaremos o seu campo epistemológico teórico-clínico de articulação entre Psicanálise, sociedade e política, que põe em foco as relações entre sujeito e os modos de construção de laços sociais. Traçamos alguns elementos para caracterizar os problemas dos imigrantes e refugiados recém-chegados ao país e apresentar algumas das saídas e dos impasses desses sujeitos no laço social. Observamos inúmeras saídas e reorganizações criativas, com articulações entre política e desejo. Destacamos os impasses relativos à angústia, à culpa e à superação das violências, à potência enlouquecedora do trauma e desorganizações subjetivas e à errância sem fim de alguns desses sujeitos. Por fim, apresentamos as coordenadas da clínica do traumático e as estratégias e dispositivos clínicopolíticos desenvolvidos na abordagem desses sujeitos e, particularmente, as questões da demanda e da posição do analista frente às desordens subjetivas geradas por situações políticas e sociais e as estratégias de elaboração coletiva do trauma.
Palavras-chave: Psicanálise. Clínica do traumático. Práticas clínico-políticas.
ABSTRAcTThis paper presents the activities carried out by the university outreach project Migrants, immigrants and refugees: social vulnerability and social bond, developed at the Institute of Psychology, University of São Paulo, as well as its objectives, results and consequences. Initially, we present its clinical-theoretical-epistemological field of articulation with Psychoanalysis, society and politics, aimed at investigating the relations between the subject and ways of building social ties. We trace elements to characterize the problems of immigrants and newly arrived refugees to the country and present some of the issues and impasses of these subjects in the social bond. We observe numerous reorganizations and creative resolutions, with links between politics and desire. We highlight the impasses related to anxiety, guilt and the overcoming of violence, the maddening power of trauma and subjective disorganization, as well as the endless wandering of some of these subjects. Finally, we present the coordinates of the trauma clinic and the strategies and clinical-political devices developed in dealing with these subjects, particularly the issues of demand and the analyst's position vis-à-vis disorders generated by subjective political situations and the strategies for the collective elaboration of the trauma.