Em face da multiplicidade de manifestações sociais no mundo organizacional, o humor se destaca como forma de comunicar algo, mesmo que não explícito, aparando arestas e suavizando críticas e agressões, sob o pretexto de provocar o riso. Neste artigo o objetivo é analisar o humor como forma de manifestação da discriminação por orientação sexual no ambiente de trabalho. Para isso, com base em literatura especializada sobre as funções sociais, denotativas e conotativas do humor e a inserção profissional de homossexuais masculinos e femininos no meio profissional foi conduzida uma pesquisa qualitativa com trabalhadores heterossexuais e homossexuais de empresas localizadas nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, entre 2005 e 2008, no sentido de apreender suas histórias de vida. Estas foram gravadas, transcritas integralmente, e trabalhadas por meio da vertente francesa da análise do discurso. Os principais resultados revelam que o humor dos heterossexuais sobre os homossexuais gays é explícito, e aparentemente legitimado pela sociedade, já que estes são engraçados. Identificou-se que, de forma relativamente surpreendente, os próprios gays fazem piadas sobre si próprios, ratificando, por meio do riso, o estigma social. As principais conclusões apontam a necessidade de politização do humor, como forma de comunicação nas organizações, pois ele cumpre, como parte de suas funções sociais, o papel de auxiliar dos processos sociais de tolhimento e discriminação social.