O estudo parte da problematização das relações entre multiculturalismo, políticas afirmativas e políticas curriculares. Reconhece que a política curricular se dá em um ciclo político contínuo, destacando o texto político. Questiona se as políticas curriculares estão sendo elaboradas por uma abordagem multicultural com o objetivo de compreender a apropriação que um texto político faz do multiculturalismo, bem como de pôr em debate a visibilidade, ou não, dos não-brancos nesses textos. Inclui a análise do texto político da Escola Sarã, resultante da reforma curricular realizada no município de Cuiabá-MT, publicado em 2000. Entende como texto a parte verbal e as imagens e compreende que apesar da presença de características multiculturais nos pressupostos pedagógicos, há lacunas no texto verbal e fortes indícios de etnocentrismo e racismo nas imagens. Nas imagens, encontra também a presença da mestiçagem que, em conjunto com as relações de poder e as diferentes posturas pedagógicas presentes no texto, sugere o hibridismo como uma das possibilidades para um texto político multicultural.
Neste artigo apresentamos algumas análises sobre a força do movimento social afro-colombiano e sua agenda política, que tem como centralidade defender a chamada educação própria. Discutimos também a promoção das referências históricas e culturais do movimento, no intuito de recolocar as relações historicamente estabelecidas como hierárquicas. As críticas aos modelos de políticas de "inclusão", apresentadas em fóruns diversos organizados na Colômbia e no seu entorno, e a participação dos ativistas, no intuito de garantir ações estratégicas, orientaram nossas análises, que são aqui apresentadas em diálogo com autores fundamentais ao debate, como é o caso de Catherine Walsh (2003, 2007, 2008), Fanny Milena Quiñones (2010), Santiago Arboleda (2002) e Santiago Castro-Gómez (2009, 2010). Destacamos ser imperativo admitirmos a relevância dos estudos atuais sobre novos lugares discursivos.
ResumoEsse trabalho se baseia em um constructo no qual a "decolonialidade" é a chave para a consolidação de outras visões sobre nossa autoformação e aprendizagens possíveis a partir das proposições que saem das configurações de resistência antirracista. Ganha centralidade as pedagogias decoloniais por fazerem parte de uma visão educacional emergente e que será mais bem compreendida quando alinhada aos estudos desenvolvidos no diálogo com os movimentos sociais na região conhecida como América latina. O intuito é discutirmos sobre as aprendizagens possíveis a partir do que nos é próprio. Apoiamo-nos em um amplo espectro de aportes que favoreceram o desentranhamento de um conjunto de saberes legitimados socialmente e que têm sustentado a crítica decolonial para propor outros modos de pertencimento. Sugerimos o enfrentamento de problemas relacionados com as diversas operações que facilitaram a configuração de um novo universo de relações intersubjetivas de dominação entre Europa e as demais regiões do mundo. Entendemos, com Catherine Walsh e Aníbal Quijano, que o pensamento 1 Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu/ UNIRIO). Trabalha a partir da crítica pós-colonial investigando as agendas dos movimentos sociais e suas propostas no Brasil e na Colômbia. O foco está no cruzamento de temas relacionados ao currículo e à diversidade cultural no âmbito da América Latina.
Nossa perspectiva investigativa está influenciada pela possibilidade de análises dialéticas no plano da simultaneidade, e este trabalho parte de uma abordagem que reconhece coexistência epistemológica frente ao tema da história social, política e cultural de setores marginalizados como as populações afrodescendentes no Brasil e no Equador. Alinhadas ao pressuposto da decolonialidade do saber e da Educação para as relações étnico-raciais, tratamos das outras práxis educativas em contextos não formais de educação, dessa vez a partir do Museu da Maré e do Fundo Documental Afro-andino. Ganham centralidade processos de reorientação epistemológica, como legados para os currículos praticados em contextos de invisibilização dos conhecimentos subalternizados. Defendemos outros “giros” e outras percepções sobre memória coletiva com base em uma perspectiva comparada, além de reconhecer a produção realizada como um modo outro de fazer da(s) memória(s), uma peça indispensável na luta social e política, assumindo contranarrativas e outras formas de insurgir.
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