Crianças com transtorno autístico apresentam falhas significativas na emergência da autoconsciência reflexiva. O objetivo do presente trabalho é analisar os processos envolvidos nestas falhas através de uma discussão das abordagens naturalista e construtivista no campo da filosofia, da neurociência, da psicologia do desenvolvimento e do transtorno autístico. Conclui-se que a abordagem construtivista permite uma melhor compreensão destas falhas, por considerar que elas advêm de prejuízos inicialmente inatos na capacidade de identificação afetiva destas crianças que prejudicam a interação social e o desenvolvimento da linguagem e, por conseguinte, sua capacidade autorreflexiva.
São selecionados alguns conceitos relevantes para o entendimento da importância da biologia contemporânea para a psicologia com o objetivo de analisar as possibilidades de aproximação entre os dois campos. Para isso, primeiramente são apresentadas algumas questões teóricas, metodológicas e epistemológicas envolvidas na aproximação entre psicologia e biologia, que com frequência são negligenciadas. A seguir, faz-se um breve histórico dos desenvolvimentos da biologia e de algumas de suas apropriações de outros campos teóricos no decorrer do século XX. Após breve apresentação das aproximações teóricas já realizadas entre os dois campos de saber em questão, sugere-se que esse seria um primeiro passo para uma interlocução informada e interessada entre ambos os campos.
Apesar de a filosofia paliativista defender o direito do doente de escolher o local do óbito, existe uma valorização do óbito em domicílio e uma política de desospitalização nas unidades públicas de saúde brasileiras contemporâneas. Entretanto, óbito no domicílio não é por si só indicativo de qualidade da assistência, seja na saúde pública ou suplementar. O objetivo deste estudo foi investigar a experiência de acompanhamento do processo de morte no domicílio para o cuidador familiar principal de paciente oncológico adulto em cuidados paliativos, que foi assistido por hospital público especializado neste tipo de abordagem, na cidade do Rio de Janeiro – RJ (Brasil), durante o ano de 2016. Utilizou-se a metodologia qualitativa de pesquisa, submetendo o material discursivo das entrevistas a uma análise de conteúdo. Constatou-se que a abordagem quanto às decisões de fim de vida costuma ser tardia e prevalece a dificuldade de conversar sobre o assunto entre o paciente e a família. Portanto, as escolhas são majoritariamente da família. A experiência foi avaliada de forma positiva pela maioria dos entrevistados, havendo valorização do suporte da equipe de assistência domiciliar e da oportunidade de usufruir do convívio familiar. Contudo, para alguns o domicílio permaneceu impregnado de lembranças do período de adoecimento e do momento da morte.
Book Review: A Dialogue between Psychoanalysis and Neurosciencea biologia e sugerindo problematicamente ser este o sentido maior do próprio termo "metapsicologia", utilizado por Freud numa carta ao seu amigo e confi dente Wilhelm Fliess datada de 10.03.1898 (Freud, 1898(Freud, /1986) para caracterizar a sua (de Freud) psicologia, maior do que somente uma técnica psicoterápica ou mesmo uma teoria psicológica da consciência pois traça o esquema do aparelho psíquico descrevendo sua origem, sua estrutura e seu funcionamento dos pontos de vista tópico, dinâmico e econômico. Trocando em miúdos, a metapsicologia é o núcleo da psicanálise, sua parte conceitual ou sistema teórico que sustenta todo o resto. É a inteligibilidade que ela produz ou o plano a partir do qual pensa. Uma bruxa com um caldeirão poderoso de onde borbulham idéias para entender e recortar o material da experiência.Neste terreno, o conceito de Trieb (instinto/pulsão/drive) mostra porque é um conceito "selvagem", resistindo aos esforços de domesticação que algumas traduções propõem. Na verdade, Trieb é psicanalítico demais e não se deixa apreender numa só fronteira de seu campo de abrangência. Sua centralidade aponta para outra fronteira da psicanálise, desta vez, com a fi losofi a. Optando pela tradução do termo por "instinto", V. M. Andrade abre mão da problemática evocada pelos outros sentidos do termo alemão e pelas outras interlocuções da psicanálise.Realizando um deslizamento dos problemas envolvendo o Trieb para a operacionalidade do conceito de "afeto", na segunda parte do livro, o autor aprofunda a noção metapsicológica de "estruturas afetivas" que se prolongam em "estruturas ideativas". A defi nição freudiana mais básica do afeto é ser ele, como Andrade explica, "um estágio fi nal de um fator quantitativo, de uma energia que [Freud] chamou de quota de afeto (ou soma de excitação), isto é, o elemento metapsicológico primordial" (Andrade, 2003, p. 69). Em psicanálise, o afeto corresponde à descarga de energia no interior do corpo acompanhada de prazer ou desprazer conjugada à percepção da descarga. Inspirado pela teoria do marcador somático, elaborada pelo neurocientista português radicado nos EUA, Antonio Damásio (1993), Andrade acrescenta serem os afetos (sentimento, na linguagem de Damásio) conseqüência de dispositivos de biorregulação formados por circuitos neurais cerebrais ativados ou inibidos em função de processos bioquímicos do corpo em interação com o ambiente. Os registros mnêmicos contíguos e sucessivos das percepções das descargas formarão as idéias ou representações mais ou menos ativas e intensas.Ao tomar o afeto como ponto de partida, todo o corpo se torna pensamento e cognição ou, nas palavras de V. M. Andrade, estamos "na presença de um psiquismo, pode-se dizer, exclusivamente corporal" (Andrade, 2003, p. 74).No último século, assistimos à invenção do computador pessoal e ao surgimento da cibernética e da inteligência artificial, fatos que mudaram radicalmente nossas vidas e costumes. Internamente ao campo das ciências do ps...
A partir do atendimento psicanalítico de pacientes portadores de lesões cerebrais, foi possível formular a hipótese de que, em muitos casos, o quadro psicopatológico que se instala após a percepção e a experiência das sequelas de adoecimentos neurológicos pode ser localizado em algum ponto entre a neurose traumática e as patologias narcísico-identitárias. Para fundamentar e ilustrar o desenvolvimento teórico dessa hipótese, apresentaremos um caso clínico no qual a compulsão à repetição é convocada como mecanismo de defesa: a experiência subjetiva de adoecimento neurológico é vivida como um golpe traumático que divide a vida entre um antes e um depois. A consequência disso é que os recursos para a elaboração psíquica são roubados, criando ou intensificando zonas psíquicas não integradas. Desse modo, é instalada uma temporalidade baseada em um presente permanente, isto é, num tempo que não fica para trás e tampouco fornece uma abertura para o que está por vir. Palavras
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