Resumo: O objetivo deste artigo é propor uma aproximação entre a perspectiva epistemológica decolonial e o campo teórico da internacionalização da educação superior, com base nos pressupostos de que 1. As desigualdades subjacentes às relações Norte-Sul também se manifestam no domínio da educação superior internacional e 2. A produção científica desse campo pode ser mais significativa e funcional aos países do Sul se consideradas suas raízes epistêmicas e condicionalidades históricas. Inicialmente, contextualiza-se a decolonialidade como postura epistemológica e tradição de pesquisa. Na sequência, abordam-se as contradições evidenciadas na educação superior internacional contemporânea. O estudo segue com o debate sobre a inserção da perspectiva decolonial nos estudos sobre internacionalização, tendo como referência o projeto intelectual de crítica/resistência dessa epistemologia em relação às tendências eurocentradas da modernidade, cuja manifestação mais influente na educação superior é a globalização em curso. Buscas sistemáticas nas bases Portal de Periódicos Capes e Scopus reforçam essa possibilidade de aproximação, pois revelam um debate científico internacional acerca das formas coloniais/neocoloniais presentes na educação superior e indicam
No Brasil, a internacionalização da educação superior se inicia e se desenvolve a partir do fomento do Estado, com maior projeção nas universidades públicas. Sobretudo após 2010, esse processo adquiriu maior abrangência e intencionalidade no domínio da gestão dessas instituições. Dado esse contexto, o objetivo do presente artigo é conhecer o espaço que o profissional de Secretariado Executivo ocupa na gestão da internacionalização das universidades federais brasileiras. Para tanto, desenvolve-se uma pesquisa qualitativa junto a dezesseis secretários executivos que atuam nos setores responsáveis pela gestão das relações internacionais em tais contextos. As análises integradas de três dimensões – 1. contexto de atuação; 2. entendimento sobre internacionalização; 3. (auto)avaliação da participação na gestão do processo – possibilitam evidenciar que, do ponto de vista instrumental, tanto o contexto promissor de atuação dos secretários executivos quanto a visão pragmática que eles têm do processo e a (auto)avaliação que fazem de sua participação são altamente funcionais ao “desenvolvimento” da internacionalização no nível institucional. Todavia questiona-se a possibilidade de que eles contribuam com iniciativas de inserção internacional desvinculadas da racionalidade dominante.
Um dos aspectos que reflete a importância da internacionalização da educação superior no contexto contemporâneo é criação de rankings acadêmicos globais e a inclusão de indicadores de internacionalização nessas ferramentas, que têm influenciado significativamente as políticas universitárias e governamentais. A despeito do prestigiado status adquirido pelos rankings, seus indicadores ainda refletem certa obscuridade e, nesse sentido, suscitam debates sobre sua capacidade de mensurar qualidade educacional. Diante desse cenário, o objetivo deste artigo é analisar os principais rankings acadêmicos internacionais e nacionais, com foco nos indicadores relacionados à internacionalização da educação superior. A pesquisa internacional, na forma de publicação, constitui-se como o indicador de internacionalização mais significativo para os rankings investigados, em parte devido a seu caráter quantitativo, que viabiliza a análise transnacional. Na ausência de análises qualitativas e contextualizadas, com indicadores e pesos adotados segundo justificações teóricas, os rankings acabam não contemplando a totalidade dos objetivos e missões que permeiam as universidades ao redor do mundo, e tampouco a complexidade inerente ao conceito de internacionalização da educação superior.
A internacionalização do currículo tem se destacado como componente essencial das agendas de internacionalização da educação superior, levando organizações governamentais e intergovernamentais a realçarem a necessidade de reformas curriculares condizentes com as demandas globais, que incorporem os conceitos de cidadania global e de competência intercultural como objetivos centrais desse processo.Diante do pressuposto de que a inserção dos países periféricos e semiperiféricos no contexto da educação superior internacional tende a assumir caráter predominantemente passivo, levando a um imaginário de reformas curriculares despreparadas para envolver os estudantes criticamente na complexidade do mundo globalizado, o objetivo deste trabalho é promover uma reflexão sobre a internacionalização do currículo no contexto do Sul-Global. Trata-se de um ensaio teórico, que, por meio dos conceitos de redução sociológica, de Alberto Guerreiro Ramos, e de epistemologias do Sul, de Boaventura de Sousa Santos, busca enfatizar as especificidades e as raízes epistêmicas dos contextos em que esses processos ocorrem. A interação entre a literatura sobre globalização, internacionalização da educação superior e internacionalização do currículo com os referidos conceitos permitiu apontar para a necessidade de que as políticas de internacionalização dos processos de ensino e aprendizagem do Sul-Global tenham como referência um procedimento crítico-assimilativo da experiência estrangeira, pautado em conhecimento prudente, válido, que enfatize a descolonização do saber e seja funcional e significativo à sua realidade, visto que o sentido de um objeto jamais se desliga de determinado contexto.
A condição histórica do Brasil o situa em um campo de desafios epistêmicos e de identidade acadêmica, que suscitam dificuldades de deliberação, de decisão e de autonomia na internacionalização da Educação Superior. Diante da necessidade de mudanças operacionais, estruturais e pragmáticas das IFES para lidar com esse processo, e da quantidade significativa de secretários-executivos que atuam nos setores de Relações Internacionais dessas instituições, o propósito deste estudo é investigar se a formação destes profissionais se evidencia como contributiva à gestão da internacionalização nas IFES. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e documental, cuja primeira etapa consistiu no levantamento das competências necessárias à gestão da internacionalização, enquanto a segunda se pautou pela identificação das competências do secretário-executivo, sobretudo no contexto em análise. Elaborou-se um quadro conceitual comparativo dessas duas dimensões, que permitiu identificar a existência de relação teórica entre ambas. Inferiu-se, portanto, que a formação do secretário-executivo e sua teórica migração de um campo operacional e mecanicista para um campo estratégico evidencia um quadro que possibilita sua contribuição para a gestão da integração das dimensões internacional, intercultural e global aos propósitos, às funções e à entrega da Educação Superior.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.