RESUMO:A participação como eixo norteador das práticas sociais de educação ambiental coloca como necessidade a articulação de saberes e fazeres para responder às complexas questões socioambientais. Este artigo desenvolve uma reflexão crítica sobre as práticas socioambientais educativas de caráter coletivo e colaborativo, com dinâmicas abertas e vivenciais, que têm se revelado como processos importantes na produção de uma cultura de diá-logo, de participação, de mobilização e de potência de ação. Enfatizam-se as abordagens integradoras das relações entre as dimensões subjetivas e intersubjetivas e a possibilidade de estimularem a constituição de identidades coletivas e de comunidades em espaços de convivência. Isso abre caminhos para incrementar o potencial educativo de espaços dentro e fora da escola que podem se tornar contextos possíveis de diálogos democráticos, mediando experiências de diferentes sujeitos, protagonistas locais na construção de projetos de intervenção coletivos.Palavras-chave: Educação ambiental. Participação social. Mobilização.
O pressuposto deste ensaio é o de que, ao longo de sua trajetória, a educação ambiental foi constituindo uma narrativa que lhe é própria. Algumas palavras com sentidos conceituais polissêmicos, como natureza, participação, solidariedade, cooperação, autonomia, interdisciplinaridade e, mais recentemente, sustentabilidade, transdisciplinaridade e transversalidade, fundamentam a Educação Ambiental e fazem parte de seu léxico ou de sua rede semântica. O objetivo é analisar os campos do sentido produzidos por alguns desses termos e a trama de inter-relações entre os sujeitos e suas práticas discursivas, recusando a doutrina da unidade da razão e de um sujeito unitário em direção ao objetivo da perfeita coerência. Como a linguagem forma-se no seio de uma cultura, transita entre o individual/ coletivo, o subjetivo/ cultural, no caso da Educação Ambiental, é carregada de sentidos e de significados de um paradigma emergente, de novos modos de sensibilidades entre utopistas e utopias. É propósito entender se, de fato, a Educação Ambiental, em nome da emancipação, opõe-se ao projeto liberal de uma "razão educadora", de um conhecimento-regulação, de uma educação universal baseada em métodos universais, analisando de modo complexo a função social das narrativas generalistas e/ou denunciatórias. Foi considerado tanto o potencial positivo como os limites analíticos e estratégicos das narrativas que se manifestam de forma auto-referenciais. A preocupação central e conclusiva é: as práticas cotidianas que demandam iniciativas e encaminhamentos podem fazer sentido e criar campos de interface para o exercício de uma Educação Ambiental?
AprESEntAçãoA educação ambiental é compreendida como filosofia de vida e não como uma disciplina obrigatória que se soma às outras disciplinas de um currículo ou a um tema, mas como uma orientação para conhecer e compreender em sua complexidade a natureza e a realidade socioambiental. Este artigo tem a intenção de associar o pensamento filosófico ambiental ou os princípios de uma ecofilosofia à pesquisa narrativa em educação ambiental, observando o seu impacto na ciência, na vida e no desenvolvimento de sociedades sustentáveis. Portanto, a abordagem metodológica que defendemos passa necessariamente por uma investigação filosófica.Os problemas ambientais, como problemas humanos e complexos, podem nos levar a descobrir a conexão humana com a natureza, o padrão de organização que nos liga num círculo permanente entre a vida e a natureza, em um movimento em rede que sustenta ecologicamente o planeta Terra. Assim, o pensamento ecológico, como um paradigma, tem sentido se a abordagem da natureza envolve valores humanos e não se reduz ao aspecto científico apenas. Tal entendimento reconhece a existência de uma razão sensível como parte da natureza humana, suas consequências sociais e impactos ambientais. Nesse sentido, concordando com Maffesoli (2005), reconhecemos o sensível e as implicações de seus efeitos como parte da natureza humana.* Este artigo foi escrito durante estágio da autora de seis meses para a realização de pesquisa de pós-doutorado na Faculty of Education, University of Regina, Canadá.
a dimensão ecológica extrapola as fronteiras estabelecidas, seja entre os saberes, seja entre os limites territoriais entre países, apresenta um vínculo total com os processos da globalização do planeta para além dos fenômenos meramente econômicos. Sem qualquer pretensa hierarquia, pode ser traduzida como uma questão vital, inter-relacionada com todas as outras dimensões e que diz respeito a todos nós. Não possui territórios demarcados. Entretanto, o impacto da globalização diverge de um país a outro, de uma região a outra. A questão ecológica pode ser um fator mobilizador da solidariedade planetária, cria uma simbiose entre local/global pelo seu poder de partilhar com diferentes sujeitos, coletivos e contextos, ações com princípios éticos e humanistas numa perspectiva que transcende fronteiras. Esta proposta de estudo desponta como possibilidade de desenvolver um pensamento que associe o paradigma emergente da sustentabilidade ao desenvolvimento econômico e social, às contradições inerentes aos processos de globalização e à Educação Ambiental, contextualizando-o nos devires sociais, políticos, ecológicos e culturais, dentro das relações espaço/tempo, local/global. A educação, de modo geral, tem uma função essencial para propiciar o desenvolvimento de modo sustentável das sociedades em transição, nas quais o pensamento hegemônico é de uma sociedade ocidental, moderna, progressista e monocultural.
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