Neste artigo, analisou-se discursos sobre o blackface no mundo fashionista e da beleza a partir da busca pela representatividade e pelo protagonismo negro, em contraponto a uma liberdade de expressão artística do profissional da área. Foi investigado um caso de blackface publicado pela empresa de cosméticos Avon em sua rede social. O corpus de análise constituiu-se por discursos presentes nos comentários registrados na referida publicação. Os dados foram categorizados e analisados com base na vertente da análise crítica do discurso teorizada por Dijk (2012). Evidenciou-se que as práticas racistas continuam disseminadas na sociedade e seu reconhecimento ainda é dificultado por sua naturalização. Também foi evidenciado que a percepção do blackface como arte ou prática racista não está diretamente relacionada à cor da pele de quem a analisa, mas à sua percepção cognitiva embasada na sua cultura, experiência de vida, capacidade crítica, conhecimento histórico, entre outros fatores.
Resumo: Com o intuito de proporcionar aos estudantes da graduação da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro espaços de trocas de conhecimentos, de crescimento acadêmico e profissional que, em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais, no ano de 2015 surgiu o projeto de extensão 10Envolver Capacidades. O referido projeto tem o seu foco principal direcionado para as administrações públicas dos dez municípios do estado de Minas Gerais com os menores Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) em 2010, em um trabalho com atividades voltadas para a gestão pública e o fortalecimento de espaços de participação social. Considerando isso, este estudo tem como objetivo geral analisar a percepção de estudantes que participaram do projeto 10Envolver Capacidades e os sentidos atribuídos sobre a experiência extensionista vivenciada. Para contribuir com o alcance deste objetivo foi feita uma sistematização das ações do projeto, com base em documentos produzidos durante as edições. Além disso, quatro alunos e uma aluna que foram ao 10Envolver Capacidades participaram de uma dinâmica realizada no dia 3 de maio de 2019, apresentando uma carta na qual descreviam qual a mensagem para o projeto deixariam e como gostariam de vê-lo no futuro, com base nas experiências que vivenciaram. Esta "cápsula do tempo” foi aberta em 2021 e os depoimentos serão analisados. Palavras-chave: Extensão universitária. Administração Pública. Participação. Políticas Públicas.
Este artigo tem como proposta investigar, por meio da análise de charges, como as relações de poder nas organizações podem estar permeadas por mecanismos de controle e ao mesmo tempo pela resistência. Para tanto, em busca de formas alternativas de discutir a temática, tomou-se como referência alguns trabalhos que assumiram que o humor pode ser utilizado como uma fonte de pesquisa interessante no campo dos Estudos Organizacionais. Em uma abordagem qualitativa, optou-se por desconstruir as charges sob a ótica da análise do discurso na vertente francesa, considerando os aspectos refletidos e refratados nos discursos. Foi possível constatar que as relações de poder não são simétricas, não são fixas e não são eternas. Elas são cíclicas, se transformam e ganham novas configurações conforme os contextos, mas não deixam de existir. As estratégias adotadas resultaram em um estudo profícuo, no sentido de apresentar uma discussão latente a partir de uma análise nada funcional.
Resumo A construção das identidades negras no Brasil é marcada por uma série de lutas que influenciaram diretamente os avanços institucionais recentes em relação à temática, além de contribuírem para a desconstrução do mito da democracia racial. O objetivo deste artigo é compreender e analisar como se apresentam elementos relacionados às relações raciais nas histórias de vida de trabalhadores industriais negros. Para isso, é empreendido um debate sobre elementos que marcam a construção das identidades negras no Brasil, bem como sobre a ideia de democracia racial. A partir do método indutivo, os dados foram produzidos com base em histórias de vida, material trabalhado mediante a análise estruturalista do discurso, em especial no que diz respeito aos elementos sócio-históricos que permeiam os discursos. Os dados apresentam as relações raciais nas histórias de Leila e Clóvis, sujeitos da pesquisa, sendo a primeira marcada por uma posição política quanto à miscigenação, e o segundo por ter sido vítima de racismo. As principais conclusões sugerem que, mesmo com os avanços institucionais proporcionados pelos movimentos negros, conscientizar-se da sua negritude é o primeiro passo para que as pessoas negras possam ocupar, efetivamente, qualquer lugar que desejem na sociedade.
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