Nas últimas décadas os museus adotaram novas agendas e pautas, especialmente no diálogo com seu entorno e diferentes públicos. Nesse sentido, parcelas da sociedade em contextos de vulnerabilidade social vêm ganhando espaço no interior das instituições, redefinindo suas metas, planejamentos e prioridades. Este artigo reflete sobre o trabalho educativo desenvolvido pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo com um grupo de crianças da comunidade São Remo (favela com 12 mil habitantes, vizinha à Universidade) por meio da mediação comunitária colaborativa. Desde 2014 novas ações vêm sendo realizadas buscando, por um lado, diminuir as distâncias simbólicas e reais entre o Museu e sua vizinhança imediata e, por outro, ampliar o papel social, político e educativo da instituição.
O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE-USP – apresenta essa obra como o resultado parcial de um projeto expográfico com os grupos Kaingang, Guarani Nhandewa e Terena, presentes no Centro-Oeste de São Paulo. O projeto se originou da preocupação do MAE-USP em informar esses grupos indígenas sobre os objetos de seus ancestrais coletados entre o fim do século 19 e 1947 naquela região paulista. A publicação prioriza os grupos indígenas, proporcionando espaço para que falem de si mesmos, projetando uma imagem na atualidade. Os conteúdos, as fotos, a capa e a arte desse trabalho foram pesquisados e elaborados pelos grupos envolvidos. A publicação contribui para romper com alguns estereótipos que envolvem as culturas indígenas e indica contatos para que os interessados possam agendar visitas às Terras Indígenas.
Este artigo aproxima a teoria queer das ações educativas, direcionadas à arqueologia, desenvolvidas no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, com o objetivo de se engajar com posturas menos normatizadas e abertas ao acolhimento de repertórios de diferentes públicos. Busca-se tensionar as interpretações arqueológicas e suas ressonâncias com as questões contemporâneas, principalmente com corpos e identidades silenciadas. Desde 2018, o Educativo da instituição tem lidado com o desafio da abordagem da sexualidade e do gênero, como meio de se refletir sobre o presente e sua imbricação no passado, reforçando o papel político da arqueologia e dos museus. Interpretação arqueológica é criação e, por meio dela, são fundados novos mundos, nesse sentido deve-se experimentar práticas que possibilitem a capacidade de imaginação e atuação política no presente.
O presente artigo apresenta diferentes narrativas sobre os trajetos da Rede de Museus e Acervos Arqueológicos e Etnográficos (REMAAE) no país, criada em 2008. Por meio da coleta de relatos e informações de diversas ordens entre suas/seus coordenadoras/es e integrantes, e da análise de publicações, artigos e documentos da Rede, exploramos os antecedentes dessa articulação, seus reposicionamentos e agendas ao longo do tempo, bem como os desafios identificados no presente, que possam orientar ações futuras. A perspectiva oferecida pelo campo da Memória Social permitiu, ademais, valorizar e reproduzir algumas das características mais pungentes da articulação de seus membros, como a polifonia e a não-hierarquização das áreas disciplinares de formação.
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