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Resumo: A ocorrência de sentenças denominadas de "tópico-sujeito" vem sendo atestada no português do Brasil desde a década de 1980. O tópico-sujeito é descrito na literatura como uma das construções que singularizam o português brasileiro perante o português europeu e outras línguas românicas, especialmente no tocante às propriedades da posição de sujeito. Este artigo analisa as sentenças de tópico-sujeito sob os pressupostos teóricos da gramática gerativa e propõe que: (i) o rótulo "tópico-sujeito" abrange um grupo heterogêneo de construções, do ponto de vista semântico e sintático -sentenças genitivas, como O carro furou o pneu, e sentenças locativas, a exemplo de Essa casa bate bastante sol; (ii) cada sentença está associada a um tipo de verbo: as genitivas ocorrem com inacusativos típicos monoargumentais, e as locativas, com inacusativos biargumentais. A heterogeneidade dessas construções se relaciona, portanto, com a heterogeneidade da classe dos inacusativos; (iii) em comum, as construções genitiva e locativa têm seu licenciamento relacionado à transferência de traços do núcleo C para um núcleo , que pode atrair, no português do Brasil, sujeitos pré-verbais não canônicos.
O objetivo deste artigo é investigar a sintaxe do Português Brasileiro (PB), desenvolvendo uma proposta unifcada para os casos de orações com sujeitos referenciais e não-referenciais, por um lado, e de orações do tipo tópico-sujeito, com ordem VS, com sujeito de terceira pessoa e interpretação genérica sem o pronome ‘se', com verbos existenciais e meteorológicos, em que, por hipótese, a posição de sujeito é preenchida por um sintagma locativo (temporal/ espacial) manifesto ou nulo. Por hipótese, nesses contextos, o sujeito é preenchido por um DP/ pronome (nulo ou manifesto) com interpretação locativa (espacial/ temporal). Argumentamos que é possível entender os fatos relevantes se analisarmos o sistema pronominal/flexional do PB como sendo cindido em dois subsistemas: um, composto pela primeira e segunda pessoas, que são inerentemente defnidas/referenciais; e o outro, constituído pela terceira pessoa, que é subespecifcada para o traço defnido/referencial. A proposta que defendemos é que a divisão desse sistema pronominal/flexional constitui a chave para explicar a distribuição de sujeitos locativos (espaciais/temporais) manifestos e de sujeitos nulos de terceira pessoa em PB, tanto em oração matriz como em oração encaixada. Na discussão, apresentamos uma retrospectiva das análises mais representativas sobre a sintaxe do sujeito (manifesto e nulo) no PB, ressaltando que a falta de consenso em sua implementação teórica decorre dos recortes teóricos adotados (os quais são muitas vezes complementares), embora as contribuições sejam convergentes em relação às propriedades da terceira pessoa e ao papel da orientação para o discurso, o que respalda a unifcação presentemente proposta.
Este artigo, comemorativo dos 25 anos da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Linguística (ANPOLL), traz um panorama dos principais temas que vêm sendo debatidosrecentemente pelo Grupo de Trabalho Teoria da Gramática (GTTG),que congrega pesquisadores dedicados ao estudo da gramáticadas línguas naturais sob abordagens formais. Com esse panorama,pretendemos dar visibilidade ao percurso que a teoria gramatical debase formalista vem desenvolvendo no Brasil (situando-a no cenáriointernacional), ao mesmo tempo em que pontuamos as perspectivaspara pesquisas futuras no âmbito do GT-TG.PALAVRAS-CHAVE: Teoria da gramática. Formalismo. Línguasnaturais. Pesquisa linguística no Brasil.
The paper investigates the licensing of locative DPs and deictic adverbs in subject position in Brazilian Portuguese (henceforth, BP), taking into consideration specifically the grammatical status of third person verb inflection in this language. We develop a unified analysis for related phenomena, which allow to identifying Brazilian Portuguese (BP) as a partial null subject language (cf. Holmberg 2010). In particular, we examine (i) sentences with a locative preverbal adverb/pronoun, which can be either overt or null (further allowing a locative adverb in postverbal position), in which the verb bears third person inflection and the subject has an arbitrary reading; (ii) VS word order sentences with an overt locative adverb, giving rise to a locative inversion configuration; (iii) sentences with weather verbs and a preverbal locative DP licensing agreement on the verb; (iv) the so-called topic-subject constructions, with a (selected) DP raised from an internal VP position. We assume that third person inflection on the verb, unlike first and second person inflection, is unable to license referential definite null subjects (cf. Rabelo 2010). We claim that the possibility of filling the subject position with a locative pronoun/adverb or a locative DP is due to the fact that the third person inflection in BP is no longer referential. In turn, null or overt locative adverbs/pronouns in preverbal position can check the EPP feature in these constructions, yielding arbitrary interpretation of the external argument as a consequence of the absence of a referential feature on (third person) T. We further claim that the (null) adverb/pronoun bears a locative feature in locative inversion constructions, existential predicates, and (internal) locative/part-whole arguments.
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