Um esboço crítico sobre "parceria" na formação de professores

Abstract

Este texto investiga um conjunto de iniciativas adotadas pelo governo federal no campo da formação de professores entre 2007-2013. Os dados têm como base documentos oficiais publicados no Diário Oficial da União que tratam, direta ou indiretamente, do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, no qual se realiza o conceito de parceria no cenário educacional como forma de governança sobre práticas de formação de professores. A abordagem crítica de análise de discurso permite argumentar que, por meio da representação de como deve ser a formação de professores, o referido Programa reformula práticas e posicionamentos sociais, possibilitando, por um lado, a criação de espaço híbrido com potencial transformador e, formulando, por outro, deslocamentos artificiais, não previstos e não objetivados em muitas das instituições de ensino envolvidas e, por essa razão, com potencial regulador. É nesta tensão que se situam as reflexões.

O sistema posição-prática como categoria epistemológica: contribuições para análise de discurso crítica

“…By fluctuating positions we understand " […] those positions that are densely recontextualized by several classifications, which position social actors in unstable ways, sometimes with meanings close to those already consolidated, sometimes with different meanings." (MATEUS;RESENDE, 2012, p.88). …”

O Pibid E a Formação De Professores Na Universidade Federal Da Bahia

“…Para Mateus (2014), os potenciais epistemológicos e pedagógicos do PIBID estão na conjuntura que prevê a instituição de parcerias entre os centros de formação docente (universidades) e a escola, assim como a criação de potenciais próprios para articular novas formas de práticas. Em princípio, participar do PIBID permitiria ao estudante a inserção nas possibilidades de vivenciar os desafios do fazer docente, ou seja, estabelecer a relação ação/reflexãoreflexão/ação (Lanza, 2010).…”

“…Esse espaço formativo pode ser considerado um lugar "híbrido", ao permitir a junção de várias realidades que convergem para enriquecer a constituição do ser docente (Nóvoa, 2017). Conforme destaca Mateus (2014) por ser híbrido, esses espaços têm potencial transformador ao projetar novas formas de conceber a formação de professores. Nessa oportunidade, os bolsistas podem passar a se identificar com o magistério e se reconhecer na profissão, por outro lado, também podem alterar planos anteriormente idealizados, assim como ficou evidenciado em uma das falas: "Acho essencial, eu faço o PIBID e já to indo pra escola toda semana e já tô tomando aquele choque de realidade no meio da graduação, porque a gente vai sair daqui formado, saber o que a gente vai encontrar o mercado de trabalho, saber o que a gente vai encontrar.... Na teoria é tudo mais bonito, mais poético, quando você chega na prática é tudo mais diferente [...] No contato que tô tendo com o PIBID eu tô vendo que eu realmente quero ensinar, só que a realidade das escolas públicas desmotiva um pouco... Você vê que vai ter muita dificuldade, e... Acaba criando aquele paradoxo: Eu quero ensinar!…”

“…A parceria universidade versus escola é requisito obrigatório para a iniciação à docência no âmbito do PIBID (Decreto n. 7.219, 2010), porque é a partir dela que se oportuniza mais uma possibilidade de interação entre os espaços formativos com os de vivência profissional. É uma parceria colaborativa, que para funcionar deve possibilitar aos discentes lidar com as diversas formas de conhecimento das realidades na qual estão situados, bem como, agir colaborativamente com os docentes nas etapas de planejamento, execução e discussão crítica das práticas pedagógicas (Mateus, 2014).…”

O PIBID e a mediação na configuração de sentidos sobre a docência

“…As temáticas investigadas nos estudos abarcam diversas dimensões envolvendo a discussão dos pressupostos políticos do programa e seus desafios para a formação de professores no Brasil (Andre, 2012), assim como a análise desses pressupostos em relação às demais políticas e diretrizes da formação docente nas últimas décadas (Mateus, 2014).…”