Amparado em uma discussão conceitual sobre comunidades epistêmicas e sobre comunidades de prática, é objetivo do texto tratar de analisar a condução política das questões militares e de Defesa na Argentina e no Brasil. Comunidades epistêmicas referem-se grupos de pessoas com conhecimento socialmente legitimado que atuam junto a Estados para produzir políticas, enquanto as comunidades de prática aludem aos saberes e fazeres orientados, em última instância, para a busca de transformações nas estruturas sociais. Apresentados e desenvolvidos os conceitos, voltamo-nos para os casos em tela, discorrendo sobre cada um deles, para então indicar as diferenças de posturas nos dois países. Enquanto na Argentina formou-se uma comunidade epistêmica que influiu sobre os contornos fundamentais da política de defesa no retorno da democracia, no Brasil não surgiu um ator semelhante, ainda que se argumente o surgimento de uma comunidade de prática, uma proto-comunidade epistêmica. Ainda que dissonantes, os dois países vêm produzindo ações e visões compartilhadas que fortalecem mecanismos de cooperação na área.
Resumo: As novas condicionantes da segurança internacional, em que não somente as soberanias e relações inter-estatais possuem peso significativo, têm ensejado mudanças nas possibilidades e exigências para as políticas de defesa. Países do Cone Sul procuram estabelecer novos parâmetros na definição de suas políticas, mas se encontram tensionados entre estabelecer políticas dissuasórias, como no passado, ou instituir mecanismos de cooperação com seus vizinhos. Por outro lado, estas políticas, pela sua natureza e amplitude, inserem-se sobre temas que não são exclusivamente militares. O objetivo do artigo é analisar as condicionantes estraté-gicas e definições estatais acerca da dissuasão e da cooperação em segurança internacional, e identificar o grau de autonomia e a natureza das concepções originadas das forças armadas na definição das políticas de defesa. Enfim, trata-se de verificar o grau de direção política do poder civil nas definições das políticas de defesa.
Abstract:The new conditions of international security don't only attach importance to sovereignty and interstate relations. This new framework has led to changes in the scope and requirements for Politics of Defense. Countries of the Southern Cone seek to establish new parameters in the definition of their policies, but need to define between dissuasive policies, as in the past, or establish mechanisms for cooperation with their neighbors. Furthermore, these policies, by their nature and size, are not exclusively militaries. The purpose of this article is to examine the definitions constraints on strategic deterrence and cooperation in international security, and identify the degree of autonomy and the nature of the concepts derived from the armed forces in shaping Politics of Defense. Finally, we try to check the level of civil policy direction in defining those policies.Palavras-chave: Cone Sul. Políticas de defesa. Dissuasão e cooperação.
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